Postado às 06h26 | 20 Jul 2023
Ney Lopes
No caso brasileiro, quais as formas de fazer política da esquerda e da direita?
A diferença é a linguagem usada, por uns e outros, para comunicar-se com o eleitorado.
A esquerda, cujo exemplo é Lula, preocupa-se em anunciar propostas, com resultados em curto prazo (Minha Casa Minha vida, bolsa família e outros).
A direita, através de Bolsonaro, fixa-se na ideia de que é preciso reduzir o Estado e os gastos públicos, associando combate ao comunismo, com os resultados concretos em longo prazo.
A esquerda é acusada de populismo e demagogia.
A direita, de insensível e distante da realidade social.
Curto prazo - Um país com tantos problemas de desigualdade social, como o Brasil, a maioria dos excluídos sociais tem pressa.
Todos querem receber ajudas e afagos, que lhes permita sobreviver.
Não há como esperar o que é essencial.
Como dizia o ex-governador José Agripino (RN) “governo é para pobre”.
Propostas- A esquerda, acusada de anunciar analgésicos, politicamente alivia a dor.
A direita, até bem-intencionada, não mede as repercussões políticas e sociais e gera protestos.
Quem não precisa disso é o empresário, que decide em função do lucro.
Por isso, governo e empresa são totalmente distintos.
Quem paga a conta-Os pobres e a classe média pagam a conta sozinhos, através de medidas como “cortes de gastos”, que fulminam benefícios na previdência, reduções de garantias no trabalho, seguro desemprego, negativas de aumento no serviço público e “outros sacrifícios”.
Linguagem I - Além do conteúdo das propostas apresentadas, influi a linguagem usada e o modo de anunciá-las.
Na última quarta, o presidente Lula lançou o programa “Desenrola” para negociar pequenas dívidas.
A linguagem de Lula é que “os pobres vão poder voltar ao varejo e comprar aquela coisinha que sonhou".
Linguagem II - Em épocas passadas, o ministro Paulo Guedes, manifestando-se contra a cotação do dólar, declarou que seria para evitar a “empregada doméstica indo para Disneylândia, numa festa danada”.
Ainda o mesmo ministro, para cortar na carne o funcionalismo público, comparou os servidores a “parasitas, que habitam um hospedeiro que está morrendo, o Estado brasileiro”.
Conclusão - Desde que realmente cumpra o que promete, a esquerda usa linguagem popular, que chega ao eleitor.
A direita, por mais criativa que seja, não sensibilizará o eleitor sem demonstrar benefícios em curto prazo.
Na Itália, Giorgia Meloni, a primeira ministra de direita radical, ganhou a eleição por adotar linguagem popular assimilada pelo povo.
Portanto, a linguagem direta não é privilégio da esquerda.
Uns e outros terão que ter competência política e estratégias na comunicação com o eleitor.
Só isto, nada mais!
Choque - A imprensa registrou confronto entre o deputado Girão (PL-RN) e a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) na CPI do MST.
A TV Câmara mostrou que a agressão partiu da parlamentar paulista, que interrompeu Girão algumas vezes, quando ele estava com o tempo de fala.
O presidente da comissão ameaçou suspender a reunião, caso a deputada Sâmia Bomfim não permitisse que os demais falassem.
Objetivo - Percebeu-se que o objetivo da deputada Sâmia Bomfim e sua colega deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) era irritar o deputado Girão e depois dizerem-se agredidas.
O parlamentar manteve a calma.
Cortez Pereira I – Hoje, às 17 hs, o advogado e professor José Bezerra Marinho fará palestra sobre o tema “Cortez Pereira e a utopia necessária”, no salão nobre do Instituto Histórico e Geográfico, à rua da Conceição, 622, Cidade Alta, Natal.
Artigo – A propósito, o advogado, escritor e conselheiro do TC, Valério Mesquita, publicou artigo no jornal Tribuna do Norte, na última terça, sobre o perfil humano, político, administrativo de Cortez Pereira.
Texto primoroso, escorreito, com linguagem descritiva e beleza de estilo.
Um depoimento de profunda justiça com o político mais injustiçado da história do RN, que foi vítima de criminoso trucidamento pelo regime militar de 1964, em conluio com a classe dirigente do Estado, à época.
Não foi comprovada nenhuma das acusações contra Cortez e seu governo, todas elas urdidas nos subterrâneos da torpeza e da maldade da política local e dos órgãos revolucionários de segurança.
Crime - O dinheiro gasto nos equipamentos da Linha Roxa – liga a Região Metropolitana de Natal a São Gonçalo do Amarante e Extremoz – está servindo para o gado pastar.
Verdadeiro crime!
(Coluna publicada hoje no jornal AGORA RN).