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Análise: "Poluição pode transformar a terra em cemitério"

Postado às 06h55 | 10 Mar 2023

Ney Lopes

A poluição que degrada o meio ambiente e causa efeito nocivo aos seres vivos, também existe no espaço e coloca em risco a segurança do planeta.

Os resíduos espaciais podem ser tão grandes quanto um satélite inativo, similar ao tamanho de um carro, ou tão pequeno quanto uma casca de pintura que se desfaz.

O verdadeiro perigo é a velocidade em que esses objetos se movem, mais de 28.000 quilômetros/hora, o que os converte em autênticos projéteis.

De acordo com os mais recentes do Space Debris Office, da Agência Espacial Europeia, há mais de 10 mil e 500 toneladas de lixo espacial na órbita terrestre.

O curioso é que cerca de 130 milhões de detritos, entre um milímetro e um centímetro, são tão pequenos que não são identificados.

Há em torno de 130 milhões de detritos

Admite-se que caso esses minúsculos detritos sejam atingidos, algo da dimensão de uma cabeça de alfinete, provocaria um “impacto assustador”, superior a uma bala de 9 mm.

A velocidade é muito grande, entre os 21.600 km/h e os 28.800 km/h, o que é mais rápido do que um tiro, disparado a 3600 km.

O grave é que que cerca de 10% desses detritos minúsculos são ainda desconhecidos da ciência.

Cientistas em artigo publicado na conceituada revista “Science” reivindicam um tratado internacional juridicamente vinculativo que garanta que a órbita da Terra não será irreparavelmente prejudicada pela futura expansão da indústria espacial à escala mundial.

A posição é assumida por peritos em áreas como a tecnologia de satélites e a poluição dos oceanos por plásticos.

Tudo começou em 1957, quando uma cortina de ferro dividia o mundo em dois blocos ideologicamente antagônicos e a corrida espacial que estimulou a Guerra Fria.

Há 65 anos, no dia 4 de outubro, a União Soviética ultrapassou os Estados Unidos e assumiu a pole position da exploração, ao conseguir lançar com sucesso uma esfera de alumínio com quatro patas que pesava 80 quilos.

O seu nome era Sputnik-1 (“companheiro de viagem”, em russo) e tornou-se o primeiro satélite artificial a orbitar a Terra, emitindo, ao longo de 22 dias, um simples sinal de rádio, o histórico e inconfundível “beep-beep-beep” que assombrou os norte-americanos.

Ninguém suspeitava, que no futuro existiriam constelações de satélites e um aterro de lixo espacial a circundar o nosso planeta, colocando em risco a humanidade.

Observa-se que o trânsito ao redor da Terra está completamente congestionado, com engarrafamento de milhares de satélites, muitos deles já ‘mortos’, e milhões de detritos que circulam em excesso de velocidade, a mais de 20 mil km/h.

 Há um aterro em órbita e é preciso urgentemente ter uma forma de conter essa avalanche, advertem os cientistas.

O direito espacial tenta dar novos e importantes passos de segurança, mas falta ainda regulamentação.

 Procura-se legislar que um satélite lançado para as órbitas baixas reentre em menos de 25 anos.

A ideia é que não se lance nada que fique em órbita para sempre e que será lixo eterno.

Sobretudo as grandes potencias terão que “abrir os olhos”, enquanto é tempo, para evitar que o lixo espacial transforme o universo num verdadeiro cemitério de satélites.

 

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