Postado às 04h45 | 13 Out 2020
Ney Lopes
Durante os mais de 20 anos que vivi em Brasília, sempre ouvi falar do temperamento irrequieto e agressivo do economista Paulo Guedes, um carioca, que viveu em Minas Gerais, filho de servidora pública e comerciário, segundo seus colegas de escola, de “pavio curto”. Ele sempre opinava acerca da condução da economia.
Na última sexta feira, Luiz Cezar Fernandes, velho amigo de Guedes, participou de uma “live”, com alunos da Unicamp. Ambos fundaram o Banco Pactual (1983) e foram sócios em várias atividades de negócios, na área de mercado de capitais.
Na “live”, esse “amigo” confessou, que Guedes está realizando seu sonho e só sai do governo se for demitido, porque ele não conseguiu implementar, ainda, nem 10% do liberalismo ortodoxo que defende. Fernandes foi mais além, ao declarar: “não há dúvida que o ministro ficará no Ministério mesmo se estiver enfraquecido, pois ele está realizando um sonho que tem há 40 anos”.
Vivendo em dificuldades financeiras, por pertencer a classe média, Guedes aventurou-se ao seu voo acadêmico, quando foi aprovado para cursar o doutorado na Universidade de Chicago, centro global do estudo do ultra liberalismo econômico. Custeou os estudos com uma bolsa de estudos do CNPq, que lhe rendia US$ 2.330 mensais, e auxílio da FGV e da própria Universidade de Chicago,
Com as aulas de Friedman em Chicago converteu-se ao liberalismo e foi para o Chile conferir de perto as reformas econômicas da ditadura de Pinochet, comandadas pelos Chicago Boys, na década de 1980.
Desde então, sonhava em fazer no Brasil reformas semelhantes às feitas pelos militares no Chile e pela primeira-ministra Margaret Thatcher no Reino Unido.
Sua chance viria somente em 2018, com a eleição de Jair Bolsonaro à presidência do Brasil, que o colocou à frente do ministério mais poderoso da República.
Sem dúvida, muito importante o depoimento desse amigo íntimo de Paulo Guedes, para quem deseje avaliar como será o futuro da economia brasileira.