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Análise: "Para onde caminha o Chile?"

Postado às 05h46 | 10 Mai 2023

Ney Lopes

O Chile, país que tem em Gabriel Boric seu presidente mais esquerdista em décadas, acaba de sofrer reviravolta na eleição da Assembleia Nacional Constituinte, que deve elaborar uma nova Carta Magna para o país.

Os conselheiros terão o apoio de 24 especialistas designados pela Câmara e pelo Senado para redigir a proposta de uma nova Constituição do país..

O grande vencedor das eleições para o Conselho Constituinte foi o Partido Republicano, da direita radical.

Das 50 cadeiras, 22 serão do Partido Republicano, de direita.

Outro grupo de direita, o Chile Seguro, ficou com  11 vagas.

Os 50 conselheiros – 25 mulheres e 25 homens – tomarão posse no dia 7 de junho e terão cinco meses para redigir a nova Constituição.

Sem dúvida, um grande desafio não só para o governo de Boric, mas para todo o sistema político chileno.

As ideologias incentivam o dogmatismo, o radicalismo e a intolerância no mundo.

A experiência histórica demonstra que, colocadas numa bandeja, as concepções de esquerda, direita, capitalista, socialista, marxista, liberal e outras têm acertos e desacertos.

Nenhuma é infalível.

As soluções eficazes nascem do equilíbrio e preservação de princípios (e não de dogmas), além da criatividade daqueles que exerçam funções públicas, ou privadas.

O Chile coloca-se como o exemplo na busca permanente da governabilidade latino-americana.

Lá foi construída uma coalizão política, ampla e pluralista, denominada "Concertación", em 8 de fevereiro de 1988, composta pelo Partido Democrata Cristão, Partido pela Democracia, Partido radical social democrata e Partido Socialista.

Atualmente, analistas identificam a existência de um setor da direita, principalmente ligado ao empresariado, que apostava em uma mudança constitucional moderada, que fizesse algumas concessões à ideia de Estado social, corrente de pensamento bastante influente no Chile.

Depois de uma década de estabilidade, o país vive retração econômica, com alta da inflação, da pobreza, da informalidade e dos crimes.

Também passa por uma crise interna, com a chegada de migrantes da Venezuela e do Peru.

Nestas condições, impossível prever para onde caminha o Chile.

A Assembleia Constituinte eleita tem a missão de tentar, mais uma vez, enterrar Constituição de Augusto Pinochet, redigida em 1980, durante a ditadura chilena

A esperança é que  as tradições democráticas do país  prevaleçam, em qualquer circunstância e os chilenos construam um país desenvolvido, justo e inclusivo

 

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