Postado às 05h42 | 15 Jul 2020
Ney Lopes
Recentemente, analisei o sofrimento da América Latina com a pandemia. É a região do mundo que mais sofre, com a extinção de 47 milhões de postos de trabalho, em tempo integral. Ontem, 14, a ONU divulgou relatório sobre os índices de nutrição no mundo. No recorde do sofrimento estão os latino-americanos.
Em 2019, 47,7 milhões de pessoas na América Latina e Caribe não tiveram o que comer, nem o mínimo de calorias suficientes para a sobrevivência e levar uma vida saudável. Isso significa 8% da população. Foi o quinto ano consecutivo em que esse indicador cresceu. O mais trágico é que nestes números não está sendo considerada a pandemia. Quer dizer: os índices atuais são bem maiores.
A previsão é que em 2030 cerca de 70 milhões de latino-americanos enfrentarão a fome. A América Latina e o Caribe formam a zona do planeta onde é mais caro comprar uma dieta, que cubra as necessidades energéticas mínimas: 1,6 dólar por pessoa, diariamente. De acordo com o relatório, esta cifra é 34% mais alta, que a média global. Os nutrientes necessários a uma alimentação normal custam R$ 3.98 dólares por dia e por pessoa.
Esse dinheiro é o triplo do que uma pessoa abaixo da linha de pobreza poderia gastar em alimentos diariamente. Mais de 104 milhões de habitantes não podem se permitir uma alimentação balanceada. O futuro da região está nas mãos dos Governos, do setor privado, da sociedade civil e das organizações multilaterais.
Em 2015, a América Latina aderiu ao plano da ONU de desenvolvimento sustentável. De lá para cá, ao invés de redução, nove milhões de pessoas adicionais vivem com fome. A América do Sul é a área mais afetada (cerca de 25 milhões de pessoas). O desenvolvimento econômico desacelerou e os programas sociais enfraqueceram.
O mais cruel é que o impacto da pandemia tornará essa realidade pior no futuro.
Os latino americanos estão literalmente nas mãos de Deus!