Postado às 06h35 | 21 Mar 2023
Ney Lopes
Pela nona vez Xi Jinping, primeiro ministro chinês, se deslocou à Rússia para uma visita oficial.
Segundo disse o próprio Xi é “uma jornada de amizade, cooperação e paz”.
Putin declarou que recebe um “bom e velho amigo” e diz esperar dele uma “contribuição significativa para a resolução da crise”.
O objetivo da China é estabelecer-se como o mediador do conflito russo com a Ucrânia.
No entanto há poucas hipóteses de que o secretário-geral do PCC consiga persuadir a Rússia, ou a Ucrânia, para aceitar uma trégua, ainda que momentânea.
A China se absteve de condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia, embora a política externa da China esteja baseada nos princípios de soberania e integridade territorial.
Embora a China tenha se retratado como uma parte neutra na guerra da Ucrânia, ela endossou as narrativas russas, culpando a OTAN e os EUA por iniciar o conflito.
China e Rússia não são aliados permanentes.
Os dois países em alguns momentos da história foram parceiros estratégicos muito próximos, o que se aprofundou durante a guerra na Ucrânia, quando a Rússia se isolou cada vez mais de muitos outros países.
Todavia, a relação entre a China e a Rússia nem sempre foi pacifica.
Os dois países foram adversários ferozes na década de 1960 e se enfrentaram em 1969 por causa do território disputado ao longo de sua fronteira, aumentando os temores na época de um confronto nuclear.
A alegada amizade entre Xi e Putin foi destacada em fevereiro de 2022, quando declararam publicamente que o relacionamento de seus países “não tinha limites”.
Durante um fórum econômico na Rússia em 2018, os dois fritaram panquecas russas e tomaram doses de vodca juntos.
No aniversário de 66 anos de Xi em 2019, Putin o presenteou com um bolo e uma caixa gigante de sorvete.
No caso da guerra da Ucrânia, a China tem muito interesse em mediar este processo de paz para tentar reerguer-se de um ano desastroso, no que diz respeito à sua imagem internacional abalada com todos os exageros política de ‘covid zero’, as acusações de espionagem por parte dos Estados Unidos, o apoio à Rússia, as ameaças a Taiwan,
A China quer colocar-se como o grande promotor da paz no mundo e tem optado por, em vez de se confrontar com os Estados Unidos de forma direta, aparecer como o país que traz algo de diferente, com essa tal proposta de paz.
Por trás deste cenário de conflitos, a China demonstra muita insatisfação com a venda de armas a Taiwan, por parte dos Estados Unidos.
Se realmente a venda dos mísseis for para a frente, a China tem desculpa para vender armas à Rússia.
A verdade é que se observa um quadro de conflitos recíprocos.
A China tem comprado armas mais avançadas da Rússia para modernizar suas Forças Armadas, e as duas nações aumentaram seus exercícios militares conjuntos.
Os Estados Unidos observam a distância, sabendo que o líder chinês tem tentado projetar uma imagem de estadista global, à medida que reclama para a China um “papel central” nas questões internacionais, em consonância com a ascensão econômica e militar do país.
Impossíveis previsões sobre o que acontecerá.
Tudo é incógnita.