Postado às 05h58 | 26 Jul 2020
Ney Lopes
Passamos por catástrofe de saúde pública sem precedentes na história. A pandemia expõe a intimidade dos países. Tome-se, por exemplo, os Estados Unidos e o Brasil. Muitos brasileiros sonham com o paraíso americano e desvalorizam o país onde vivem. Analisemos fatos reais.
O Brasil, bem ou mal, tem o SUS, que é um meio do estado prestar assistência aos mais pobres, gratuitamente. Pois bem! Nos Estados Unidos, não existe essa assistência. Os pobres americanos recebem seguro de saúde, através de seu empregador. À medida que o desemprego aumenta (como ocorre), aumentam milhões de trabalhadores que perdem o seu seguro. Metade dos americanos não tem dinheiro para pagar os testes e tratamento do Covid-19.
Além disso, na maioria dos estados não há licença de saúde no trabalho. Os trabalhadores preferem “não ficar em casa em isolamento, para não perder o emprego”. No ano passado, a metade dos trabalhadores admitiu o comparecimento, mesmo doentes ao trabalho.
O jornal “The Guardian” denuncia, que ao invés de sistema público de saúde (como no Brasil), funciona um privado, com fins de lucro, para as pessoas que têm a sorte de pagá-lo. Outra fragilidade, que não se constata no Brasil. Como o trabalhador americano ficar em casa, se isso significará automaticamente deixar de receber o salário?
Não há lei federal, que obrigue as empresas pagar licença por doenças. Enquanto isto, o país mais rico do mundo, desembolsa quase 1 trilhão de dólares por ano, para as Forças Armadas e falta dinheiro para os programas de bem-estar social, vale-refeição, habitação subsidiada e escolas públicas.
O cenário de desigualdade traz para a eleição presidencial de 2020 o debate acerca de mudanças profundas na sociedade americana.
De um lado, Trump considera tais mudanças “coisas de comunistas”.
De outro, os mais pobres e carentes clamam “por justiça” e não abdicam das liberdades democráticas.
Em matéria de assistência aos mais pobres, comparando o que o “Brasil tem e os EEUU não têm”, será o caso de dizer “que somos felizes e não sabíamos”!