Postado às 07h20 | 12 Set 2021
Ney Lopes
Hoje, 12, ocorrerão nas ruas do país manifestações políticas “atípicas”, convocadas pelo MBL (Movimento Brasil Livre) e VPR (Vem Pra Rua).
O MBL é movimento em defesa da abertura econômica ampla, total e irrestrita. O VPR organiza protestos contra a corrupção.
O objetivo da mobilização é demonstrar a força da oposição e a defesa do impeachment do presidente Bolsonaro.
Inicialmente, a convocação anunciou que o propósito seria "Nem Bolsonaro, Nem Lula", visando o fortalecimento de uma candidatura presidencial alternativa à disputa hoje polarizada entre o atual presidente e o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Agora, a pauta dos protestos está unificada em uma só, o "Fora, Bolsonaro" e o branco será a cor oficial dos protestos.
Nem MBL, nem VPR apoiam a esquerda.
O PT, outros partidos aliados e organizações próximas a sigla, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), não participarão do evento.
O MBL tentou contornar essa resistência, alegando que que a inspiração das mobilizações seria o exemplo da pluralidade da campanha das Diretas Já, no fim da ditadura militar (1964-1985), quando antagonistas dividiram palanque em nome da luta por eleições diretas para presidente da República no Brasil.
Não "colou". Os petistas se afastaram.
A principal causa é que o PT e outros setores da esquerda, guardam mágoas dos dois grupos (MBL e VPR) pelos apoios dados ao impeachment do presidente e Dilma.
Mesmo assim, de fato, a lista de partidos engajados na convocação cresceu.
Apoiam o movimento de hoje o Novo, alas do PSLe siglas como PDT, PSB, PC do B, Cidadania, PV e Rede, setores do PSDB e do Solidariedade e membros de legendas como MDB, DEM, PL, Avante e PSOL.
Nomes ligados à chamada terceira via também anunciaram presença: Ciro Gomes (PDT), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Eduardo Leite (PSDB), Simone Tebet (MDB) e Alessandro Vieira (Cidadania).
João Dória, governador de São Paulo, ainda avalia se irá ou não.
A conclusão dos analistas é que, na verdade,
o PT se ausentará dos atos de protesto por ter interesse em manter Bolsonaro na disputa de 2022, porque seria um candidato mais fácil de ser derrotado por Lula no segundo turno.
Nessa ótica, um impeachment poderia dificultar as chances de vitória petista, já que tornaria Bolsonaro inelegível, abrindo espaço para outra liderança chegar ao segundo turno contra o ex-presidente.
Se o apoio dado ao impeachment de Dilma Rousseff impedisse a aproximação política, Lula não estaria hoje andando o país e conversando com partidos e lideranças que referendaram o afastamento da petista da Presidência da República.
Os fatos mostram que as oposições estão divididas, o que facilita, até agora, a polarização Lula/Bolsonaro.
Nesse vai e vem, entre protestos e manifestações semanais, caminha a política brasileira.