Postado às 05h20 | 26 Nov 2020
Ney Lopes
Quem participou de eleição como candidato, sabe do que representa o pesadelo das pesquisas eleitorais. Não se pode negar que esses levantamentos das tendências da opinião pública têm base cientifica. Entretanto, infelizmente, em matéria eleitoral, na maioria das vezes, são usados “sob encomenda”, E tudo ocorre sob a proteção da liberdade de expressão.
Tema muito difícil de ser regulado por lei, mas que merece reflexão, pois contribui para lesões na democracia, com prejuízos irrecuperáveis.
Há um fato histórico, ocorrido em 1946, que confirma o significado das pesquisas nas eleições. Trata-se da candidatura de Trumam à presidência dos EEUU. Ele chega a a eleição com 36% de aprovação. A sua vitória era considerada impossível. Todas as pesquisas publicadas nos jornais importantes do país davam como certa a derrota esmagadora.
Típico era o comentário de The Los Angeles Times: “.Mr. Truman é o maior trapalhão visto num alto cargo em muito tempo nessa nação”. Segundo The Baltimore Sun, uma vitória de Truman seria uma tragédia para o país e para o mundo. O seu Partido Democrata rachou em três bandas, cada um com seu candidato presidencial.
As pesquisas de opinião mostraram tanta rejeição a Truman, que Elmo Roper, um guru do ramo, parou de perguntar aos eleitores dois meses antes da votação, observando o seguinte: “toda minha inclinação é de declarar a vitória de Thomas E. Dewey, opositor de Trumam”.
Três semanas antes da votação, a revista Newsweek publicou o resultado de uma pesquisa de prognósticos eleitorais entre os 50 principais cronistas políticos americanos, entre eles vários que acompanharam Truman na campanha. Dos 50, ninguém achou o presidente capaz de vencer."
Na manhã seguinte à eleição, os jornais estamparam por antecipação que Dewey, adversário de Trumam, era o Presidente eleito.
As urnas disseram o contrário.
Venceu Truman, com 2,1 milhões de votos de diferença.