Postado às 06h25 | 26 Jun 2020
Ney Lopes
A impressão que se tem é que o país, em matéria de estilo político e administrativo, tem novo presidente. Bolsonaro mudou a sua forma de conduzir-se e de conduzir o seu governo.
Tem se afastado das aparições diárias, ao lado de manifestantes, que faziam “plantão” diário para cultuá-lo.
O presidente se convenceu de que não poderia continuar, sem que isso signifique afastamento dos correligionários. Mas, terá hora própria. No último final de semana, estrategicamente e motivado por motivo superior (falecimento de um paraquedista no RJ) não acompanhou na Esplanada do Ministérios os “fanáticos seguidores”, sempre comprometendo a sua imagem com apelos autoritários. Finalmente, o presidente percebeu que o refrão popular tem razão: “diz-me com quem andas, que te direi quem és”.
Ficava cada dia mais difícil, o presidente reafirmar as suas convicções democráticas, diante dos espetáculos que os seus manifestantes faziam pró- ditadura. Mas a presença, até andando a cavalo e acenando para a multidão, era o suficiente para compromete-lo. Outra mudança de estilo foi o reconhecimento de que o seu ministro da Educação, Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub, não poderia continuar no cargo.
Esse foi o maior foco de incêndio político, depois da posse presidencial. Sobretudo por ter ocorrido num ministério sensível como o da Educação que aglutina s “cabeças pensantes” do país. O presidente escolheu o novo ministro da Educação, o professor Carlos Alberto Decotelli.
A escolha se fez com extrema discrição, o que não acontecia nas decisões presidenciais, quase sempre envolvidas em polemicas desnecessárias. A repercussão na mídia é a melhor possível, até agora. O curriculum do escolhido é expressivo e demonstra preparo para a função. Dependerá de como se conduzirá, sobretudo no diálogo universitário.
Por último, a presença, ao lado dos presidentes do Congresso e do Judiciário, pregando harmonia nacional, fecha a análise de que o país tem “um novo” presidente, que não é o Bolsonaro de “antes”.
O desejo é que o Bolsonaro do futuro traga a ansiada Paz para o Brasil.