Postado às 05h27 | 06 Out 2020
Ney Lopes
Um jantar reuniu ontem a noite, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Pelo divulgado, no final foi proclamada a “paz”.
Uniram-se no discurso de sempre: cortar a “carne” e, segundo Maia, até os músculos para conseguir recursos e implantar o Renda Cidadã.
Remanesce a indagação: cortar de quem?
Por acaso, Maia e Guedes estariam influenciados pelo bilionário norte americano Warren Edward Buffett, fortuna de U$ 88 bilhões de dólares, o terceiro homem mais rico do mundo?
Em recente discurso Buffet declarou sobre a grave crise econômico-financeira dos EEUU:
“Parem de mimar os super ricos. Nossos líderes pediram um ‘sacrifício coletivo’ (para reduzir o déficit público americano). Mas quando eles pediram isso, me pouparam. Eu chequei com os meus amigos super ricos e eles também não foram afetados Enquanto os pobres e a classe média brigam por nós, a maioria dos americanos luta para sobreviver, os mega ricos continuam a receber benefícios fiscais extraordinários”.
No jantar de Maia e Guedes, essa posição de Buffet foi deixada à margem.
Por exemplo: nem se falou em tributar lucros e dividendos, que daria receita superior a R$ 80 bi. Todos os países da OCDE cobram esse imposto. O Brasil é exceção no mundo. Grandes fortunas, também.
A proposta aplaudida de pé por Maia e Guedes foi cortar despesas médicas e de educação no Imposto de Renda, acabar a declaração simplificada e reduzir o abono salarial.
Por justiça registro que houve uma sugestão aceitável: limitar o pagamento de vencimentos no serviço público ao “teto salarial” (R$ 39, 2 mil), retirando “ajudas”, “penduricalhos” excessivos, desde que se respeitem direitos adquiridos.
As demais propostas punem os mais pobres e a classe média, que sempre “pagam o pato”.
Vamos aguardar a palavra do Presidente Bolsonaro, um homem que veio da classe média, sobrevivendo de emprego público, atividade hoje tão demonizada pelo “poderoso mercado”.
Será que a decisão presidencial levará em conta as ponderações do bilionário Warren Buffett, ou o Presidente irá considerar essas opiniões coisa de “comunista”, “gastador irresponsável” e “fura teto”?