Postado às 05h54 | 08 Abr 2021
Ney Lopes
A mídia já registra bastidores do jantar de ontem à noite do presidente com empresários, em SP.
O informe positivo é a posição de Bolsonaro, mostrando-se empenhado e favorável à vacinação e se comprometendo a acelerar o processo. Não houve detalhamento de como essa intenção vai ser colocada em prática. A postura do presidente no encontro foi elogiada por empresários.
Também houve compromisso com a austeridade fiscal e as reformas, que são outras demandas do setor produtivo. Ao falar, Bolsonaro destacou que o país tem duas fábricas de vacinas – a FIOCRUZ e o Butantan -, afirmando que serão prioridades.
O presidente também tentou instar os empresários a focar nos aspectos positivos do governo, e não apenas nos negativos.
Desde o início da pandemia, o discurso do presidente em relação ao combate à covid-19 mudou diversas vezes, até de um dia para o outro.
Mais de 341 mil pessoas já perderam a vida.
O emblemático encontro presidencial com empresários ocorreu no dia seguinte ao chefe do departamento de Assuntos Orçamentais, Vítor Gaspar, do Fundo Monetário Internacional (FMI), afirmar que “para ajudar a suportar necessidades de financiamento decorrentes da pandemia, pode-se considerar a criação de uma contribuição temporária que fosse suportada por rendimentos elevados ou pela riqueza".
A sugestão do FMI não foi suscitada no jantar de ontem, mas demonstra que a instituição internacional está preocupada com o fato dos países chegarem a um ponto da falta de dinheiro para combater esta crise, uma vez que os recursos são limitados e os bancos centrais podem estar no limite.
Assim, a ideia é arranjarem novas fontes de receita, mesmo, que algumas sejam temporárias.
O FMI vai ainda mais longe e explica que aumentar recursos no Orçamento pode ser também uma forma de melhorar a progressividade e combater as desigualdades sociais.
Oportuno registrar que, recentemente, 83 milionários de várias nações (não está incluído na lista nenhum brasileiro) propuseram aos seus governos, aumentarem os impostos sobre os mais ricos, mesmo que seja em caráter temporário.
Consideram, que este é o único caminho para apoiar a recuperação da economia mundial, depois da crise provocada pela pandemia de covid-19, cujos efeitos, acreditam, irão prolongar-se durante muitos anos.
Dizem os signatários do apelo: “Os líderes dos governos têm de assumir a responsabilidade de captar os fundos necessários e gastá-los de uma forma justa.
Podemos assegurar que financiamos de forma adequada os nossos sistemas de saúde, educação e de segurança através de um aumento dos impostos sobre as pessoas mais ricas do planeta, pessoas como nós”.
Ao final da “carta aberta”, os 83 milionários estrangeiros concluem: “Não estamos lutando na linha da frente desta emergência e temos menos probabilidade de sermos vítimas.
Por isso, por favor. Tributem-nos. Tributem-nos. Tributem-nos. É a escolha certa. É a única escolha. A humanidade é mais importante que o nosso dinheiro”.
Com certeza, se tivesse sido colocada em pauta no jantar, a proposta do FMI e dos milionários, sensibilizaria pelo menos alguns dos presentes, pois no Brasil já há depoimentos de líderes empresariais lúcidos e solidários nesse sentido
Como está escrito no manifesto dos empresários globais, “os problemas causados e revelados pelo covid-19 não podem ser resolvidos com caridade, independentemente da quanto generosa for”.
Afinal, a catástrofe da epidemia atinge e debilita a todos. Ninguém escapa.
Surge o dilema de salvar a vida ou a economia, porém a verdade é a inexistência de lógica que justifique esse conflito, pois salvar vidas é o único meio de salvar a economia.
Para salvar vidas, mesmo com as naturais incertezas decorrentes do desconhecimento do vírus, a alternativa racional, sensata e lógica é seguir a Ciência.
Pensar o contrário, será admitir que toda humanidade está errada.
O FMI e os hipter milionários globais defendem esse princípio científico.
Será que todos aqueles que pensem dessa forma podem ser acusados de responsáveis pela falta do pão na mesa dos pobres, por concordarem com medidas restritivas, que evitem a propagação da epidemia, mesmo limitando temporariamente a liberdade de ir e vir?
Por acaso, as Constituições democráticas estabelecem algum direito superior, que anule o direito à vida e a saúde?
Será que em meio ao bombardeio de Londres, durante a II Guerra, havia quem defendesse a liberdade de ir e vir dos cidadãos britânicos?
O mundo agora está sendo bombardeado pelo vírus implacável.
Logo, todas as restrições com base na ciência favorecem as liberdades humanas, por terem como objetivo final salvar as vidas.