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Análise: o “dia seguinte” a eleição

Postado às 06h33 | 31 Out 2022

Ney Lopes

É fato consumado: Luis Inácio Lula da Silva, o novo presidente do Brasil.

Como interpretar tudo que aconteceu nestas eleições gerais?

O dever inicial é reconhecer, que a vitória pertence a solidez das nossas instituições democráticas e ao povo brasileiro.

Durante o processo eleitoral ocorreram momentos de incertezas, diante do clima nunca visto de radicalização política.

Reconheça-se que nesses momentos difíceis foram fundamentais as intervenções dos poderes Judiciário e Legislativo, para evitar comoções sociais.

A maior dificuldade à realização do pleito foi a desconfiança inicial levantada em torno do voto eletrônico.

Se o sistema era presumidamente vulnerável, as eleições também seriam, concluía-se.

Nesse particular, a conduta e as intervenções do ministro Alexandre de Moraes, independente de algumas decisões suas,  tidas como criticáveis, assegurou a estabilidade que levou a população às urnas, sem incidentes.

O STF  e o TSE mantiveram-se como reservas da legalidade e constitucionalidade do processo eleitoral, em marcha,

Cumpriram  o seu papel constitucional.

O poder legislativo colaborou, através do senso jurídico e democrático do presidente do senado Rodrigo Pacheco, que enfrentou dificuldades em seu próprio sistema político, mas se manteve leal às suas convicções democráticas.

O deputado Artur Lira, mesmo da base política do presidente que disputava a reeleição, deu exemplo de liderança e capacidade de articulação, através do diálogo.

Foi o primeiro, civilizadamente, a cumprimentar o presidente eleito.

Portanto, o deputado Artur Lira é também um nome que deve ficar escrito com letras maiúsculas na história dessas eleições.

Cabe uma análise do poder Executivo, embora até o momento o presidente não tenha se pronunciado, o que é rotina nas democracias após os pleitos.

Primeiro lugar, um presidente em disputa pela reeleição teria que agir politicamente.

E foi o que aconteceu.

Entretanto, no balanço final, o presidente Bolsonaro teve apenas gestos de ameaças por palavras e não por atos concretos.

Em razão de tal circunstância, até agora, parece ter assimilado a eleição como um ato de liberdade dos cidadãos e certamente conduzirá a transição.

Não será fácil o trabalho do presidente e vice eleitos, no sentido de consolidar uma pacificação nacional e fortalecer a democracia.

O momento é de convocação de convergências possíveis e afastamento de divergências.

Vários países do mundo livre superaram crises, assim agindo.

Talvez, a maior dificuldade de Lula e Alckmin sejam os “bolsões” de fanáticos,.

Esses terão que ser contidos.

Não é hora de vindita, mas sim de construção e da união possível.

É bom lembrar que Lula ganhou por margem mínima e deverá enfrentar no Congresso uma oposição mais radical que a de 20 anos antes, quando chegou a presidência.

Além do mais, o presidente eleito é também rejeitado por parcela expressiva e influente da sociedade.

 O bolsonarismo e outras forças à direita conquistaram posições importantes no Legislativo e nos estados.

O que se conclui é que terminou a campanha.

Iniciam-se as responsabilidades de governo.

Para atender aos mais pobres, como é a preocupação do vitorioso, terá que colocar em funcionamento uma economia no formato daquela que surge nos países desenvolvidos, ou seja, com liberdade e competição, estimular o crescimento sustentado e, sobretudo, ter a preocupação simultânea de reduzir as desigualdades sociais.

Que Deus continue a proteger o Brasil!

 

 

 

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