Postado às 05h36 | 05 Jul 2021
Ney Lopes
Enquanto a América do Norte e a Ásia se situam nos patamares mínimos históricos de contágios e a Europa inteira procura evitar um novo aumento de casos (até o momento bastante inferior ao sofrido no ano passado), a América do Sul apresenta uma curva epidêmica com um aumento relativamente constante, desde o início de novembro de 2020.
A região registra uma média de 323 infecções diárias por milhão, contra 40 na América do Norte, 59 na Europa ou 29 na Ásia. Argentina, Brasil e Colômbia nunca tinham visto níveis de incidência tão altos.
Paraguai e Uruguai, que até agora haviam saído quase incólumes, batem recordes de mortes por milhão.
Peru, o país mais atingido do mundo conforme o indicador de excesso de mortalidade em 2020, registrou em 2021 um pico de dimensões comparáveis com as do ano passado.
Até mesmo o Chile, com metade de sua população totalmente imunizada, enfrenta uma nova onda de mortes.
Quase todos os países da região se revezaram nessa situação em um momento ou outro, com a presença destacada do pico uruguaio contínuo no último trimestre.
O vírus chegou ao pequeno país austral depois de sido afastado por quase um ano, e aproveitou a falta de imunidade por contágios prévios para se propagar rapidamente.
No Chile, na Colômbia e na Argentina, por exemplo, enfatizou-se a suposta falta de qualidade das vacinas da empresa farmacêutica chinesa Sinovac (para os dois primeiros) e da russa Gamaleya (para o terceiro).
No entanto, em regiões da Europa onde nenhuma delas é utilizada, também se observa o crescimento, até o momento localizado, mas já preocupante para alguns observadores.
A verdade é que a tragédia epidêmica tem o seu epicentro mundial na América do Sul.
Um desafio de reconstrução, que terá de ser enfrentado por muitas gerações no futuro.