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Análise: "O Delfim Netto que conheci"

Postado às 16h42 | 12 Ago 2024

Ney Lopes

Faleceu o ex-ministro Delfim Netto. Convivemos como colegas na Câmara Federal, durante anos.

Tendo sido relator de muitas matérias importantes no Congresso, ele me chamava de “meu relator preferido”.

Faz algum tempo que conversamos num restaurante, em SP.

Irradiava lucidez.

Recordo alguns episódios com Delfim.

Em 1997, protestos generalizados em Brasília pela venda da Vale do Rio Doce.

A Câmara tinha que autorizar.

Fiquei em dúvida como votar.

Conversei com o “gordo” (como era chamado), que me disse vote a favor, antes que se descubram novos sucedâneos do ferro e o preço caia.

Citou, que isso acontecera com a borracha.

Quando lhe indagava sobre aproximação dele com Lula, ele sempre dizia “eles é que se aproximaram de mim”.  

Sobre o PT afirmava que o partido passava “85% do tempo brigando com ele mesmo”.

Ainda hoje é assim.

Um dos fatos mais pitorescos da vida de Delfim foi um vídeo, no qual defende o sedentarismo como forma de prolongar a vida.

O ex-ministro diz que fazer ginástica é uma das piores coisas para a sobrevivência e explica: “o coração tem um limite de batimentos cardíacos.

Após atingi-lo, o músculo para. Sendo assim, atividades físicas que aumentam a frequência cardíaca, como a corrida, aumentam esse consumo e, portanto, encurtam a vida”.  

O protesto da classe médica foi geral.

Mas, ele morreu sem gostar de exercícios físicos.

Tipo da comida irá mudar no mundo

Cerca de três quartos de todas as terras agrícolas do mundo sofrerão mudanças climáticas, diz Jonas Jägermeyr, da NASA.

Logo afirma: "então, para onde quer que você olhe, as coisas mudarão de uma forma ou de outra".

E isso provavelmente significa também mudanças nos tipos de comida disponíveis.

Na última década, estagnaram e depois reverteram os padrões globais ​​para saciar a fome.

As taxas de subnutrição já crescem 21%, desde 2017.

Os rendimentos agrícolas ainda estão crescendo, mas não tão rapidamente quanto a demanda.

A obesidade continuou a aumentar.

O sistema alimentar está contribuindo para o crescente fardo do diabetes e das doenças cardíacas e, por meio de novos transbordamentos de doenças infecciosas de animais para humanos também.

Os preços de alimentos cresceram cerca de 50% desde 1999, e também se tornaram mais voláteis, transformando não apenas os mercados, mas toda a rede agrícola menos confiável..

Embora a agricultura americana como um todo produza lucros enormes, a maioria das fazendas do país na verdade perde dinheiro, e em todo o mundo, a escassez de alimentos está gerando níveis recordes de deslocamento humano e migração.

De acordo com o Programa Mundial de Alimentos, 282 milhões de pessoas em 59 países passaram fome no ano passado, 24 milhões a mais do que no ano anterior.

Os efeitos das mudanças climáticas reduziram o crescimento da produtividade agrícola global geral entre 30 e 35 por cento.

As dietas mudarão e, com elas, as terras agrícolas que atualmente produzem culturas básicas — milho, trigo, soja, arroz.

A pressão sobre o atual sistema alimentar não é um sinal de que ele necessariamente falhará, apenas de que ele deve mudar.

Mais de um terço das terras do planeta são usadas para produzir alimentos, e 70% de toda a água doce é usada para irrigar terras agrícolas.

O equivalente a América do Sul é usado para cultivar plantações, e o equivalente à África é usado para pastar animais.

Combinados, isso é mais da superfície do mundo do que é ocupado por florestas e mais de 10 vezes mais terra do que é ocupada por todos os assentamentos humanos.

Precisa-se adicionar quase duas Índias às terras agrícolas existentes no mundo para atender às necessidades alimentares na segunda metade deste século.

Este é “o desafio da nossa geração” —  ou seja, como iremos salvar o sistema alimentar global.

 

 

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