Postado às 07h16 | 29 Ago 2022
Ney Lopes
O debate de ontem, 28, da BAND deu tons diferentes à disputa presidencial.
Surgiram na cena política como candidatas a líderes da oposição a Bolsonaro, as senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União), aliás a primeira ex-professora da segunda parlamentar.
As duas se destacaram ao enfrentarem o tema da polarização e foram duríssimas com o atual e o ex presidente da República.
Lula no conjunto não mostrou bom desempenho e fez com que o sonho de vitória no primeiro turno fique mais distante.
O presidente teve um único objetivo ao aceitar o convite da BAND: provocar Lula com ataques de corrupção, na tentativa de repetir a mesma estratégia de 2018 quando lançou o “nós contra eles” e deu resultado, embora com grande ajuda da “facada”, que criou o clima emocional no pleito.
Bolsonaro chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “ex-presidiário”, no último bloco do debate.
“Que moral tu tem para falar de mim, ôh ex-presidiário? Tá? Nenhuma moral”, disse Bolsonaro.
Lula nas considerações finais respondeu, dizendo que foi preso para que seu adversário se elegesse presidente da República.
Absolutamente infeliz foi a resposta do presidente a jornalista Vera Magalhães, que lhe indagou sobre a eficácia das vacinas contra covid, e ter negado o imunizante.
Seria uma oportunidade de esclarecimentos do governo.
Bolsonaro partiu para o ataque “chulo” a sua indagante.
Demonstrou machismo, misoginia e espantou o eleitorado feminino.
Ciro Gomes foi o único a defender propostas com clareza, mas revelou agressividade ao atacar Lula, dizendo que a devastadora crise econômica foi herança do petismo.
O pedetista não deixou por menos, ao declarar que o atual presidente é uma pessoa sem coração, que "corrompeu todas as suas mulheres e os filhos”.
Luiz Felipe d’Avila passou “batido”, embora revele bom preparo intelectual. Falta-lhe experiência política.
A análise mais específica mostra que no início o presidente começou até bem, mas descontrolou-se ao atacar a jornalista Vera Magalhães e a senadora Simone Tebet.
Com Lula nervoso e Bolsonaro descontrolado, abriu espaço para Simone Tebet brilhar no debate, o que lhe valeu na pesquisa qualitativa da Datafolha a condição de ter tido a melhor participação.
Ciro insistiu no voto útil.
Em síntese, o ex-presidente Lula reassumiu a postura de 2002, na linha “paz e amor”.
Bolsonaro agrediu e foi agredido, procurando sempre falar do passado e omitindo o futuro.
Soraya também não foi mal, mas mostrou indecisão em alguns momentos.
Simone Tebet foi a melhor, seguida de Ciro Gomes, também com bom desempenho.
Ambos surpreenderam positivamente, enquanto os polarizados surpreenderam negativamente.
Talvez, embora haja pouco tempo, tenha se aberto um clarão para a terceira via.
Quem sabe?
Faltou o mais importante, que a nação espera: propostas, que foram substituídas por radicalismo e polarização.
A BAND merece elogios, pois contribuiu para maior conscientização popular das eleições de outubro.
Aguardemos os próximos capítulos.