Postado às 07h20 | 09 Abr 2023
Ney Lopes
Termina hoje, 9, a Semana Santa, com a liturgia da Ressurreição do Senhor.
Começaremos a semana, com o presidente Lula ausentando-se do Brasil, para uma viagem oficial à China.
Já se passaram os primeiros 100 dias do governo petista.
Essa data tornou-se conhecida, a partir do presidente Roosevelt, nos EEUU.
Isto porque, ao assumir o país em meio à Grande Depressão, Roosevelt, emplacou nos 100 primeiros dias uma série de ações regulatórias e projetos de lei ousados para conter a crise e indicar os novos rumos do país.
Neste período, Roosevelt suspendeu um feriado bancário nacional, forneceu socorro econômico a desempregados, começou a desenhar o que veio a se tornar o “New Deal” (Novo acordo, Novo Tratado, Novo Pacto) e aprovou um recorde de propostas legislativas: 76 projetos de lei.
Nos 100 dias do presidente Lula, ele retomou programas sociais e de preservação ambiental, e promoveu políticas para proteger os indígenas, combater a discriminação racial e normalizar as relações diplomáticas.
Não houve apresentação de um plano consistente de governo, nem projetos pré estudados.
Enfrentou ataque golpista às cúpulas dos Três Poderes, já no oitavo dia de governo.
Mesmo com esse quadro, trocou o comandante do Exército, manteve o pagamento de R$ 600 no Bolsa Família, com adicional de R$ 150 por filho menor de seis anos e adotou uma série de ações de revogações de normativas e ações da gestão Bolsonaro.
Nenhuma inovação foi constatada em relação às contas públicas, inflação e crescimento da economia, salvo a proposta do arcabouço fiscal, elaborada às pressas no Ministério da Fazenda e que será ainda levada ao Congresso.
O desataque é o confronto público entre o Presidente da República e o Presidente do Banco Central, em torno da fixação da taxa de juros.
Politicamente, Lula está fazendo tudo condenado em outros governos para obter a maioria parlamentar, que é montada a base oferecimento de ministérios, cargos e emendas orçamentárias.
Há dúvida sobre se essa estratégia dará certo. Lula não teve votações de relevo nesses primeiros cem dias de sua gestão.
No aspecto de política externa estão os melhores resultados do governo, que procura recolocar o Brasil no mapa.
Visitou a Argentina e depois, deslocou-se ao Uruguai.
Recebeu em Brasília o chanceler alemão, Olaf Scholz e foi recebido pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, na Casa Branca, sem contar com os vários ministros dos Negócios Estrangeiros que vieram a Brasília, tal como o de Portugal e França.
Uma doença adiou a sua viagem à China, o maior parceiro comercial do país, o que acontecerá amanhã, 10, a para se encontrar com o Presidente chinês, Xi Jinping.
Três meses após tomar posse, Lula tem 38% de aprovação, um desempenho pior do que quando iniciou seus primeiros mandatos (43% em 2002 e 48% em 2006).
Lula ainda deu tiros no próprio pé, com declarações polêmicas.
Presidente contradisse o seu próprio ministro da Justiça e colocou em xeque o trabalho da Polícia Federal, ao abordar uma operação da Polícia Federal contra um grupo de narcotraficantes acusado de planejar o assassinato do senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-SP) - que condenou Lula em 2017.
Em entrevista, manifestou o desejo de vingar-se de Moro.
Pode-se afirmar que o governo, de janeiro a abril, foi caracterizado pelos ataques de Lula ao BC e “aos economistas que discordam do governo”. Cabe a Haddad conciliar o mal-estar gerado pelo presidente.
Lula perdeu a oportunidade de adotar uma série de medidas executivas, que não dependem do Congresso e revisar políticas de seus antecessores.
Por exemplo, na média da história moderna americana, presidentes assinaram mais ordens executivas nos 100 primeiros dias de mandato do que nos 100 subsequentes.
Mesmo com resultados insatisfatórios há euforia no governo, quanto aos 100 primeiros dias.
Tanto é verdade que a Secretaria de Comunicação Social sugeriu o slogan "O Brasil voltou", em parceria com agências de publicidade, e já aprovado diretamente por Lula,
Ocorre que esse slogan foi usado por Michel Temer, quando Presidente da República.
É uma das marcas consagradas da sua gestão, citada pela primeira vez, com sucesso, no Fórum Econômico de Davos, em 2018.
O governo Lula acaba de copiá-lo.