Postado às 06h30 | 23 Set 2021
Ney Lopes
A Alemanha está a três dias da eleição que indicará o sucessor de Ângela Merkel, a chanceler desde 2005 e líder do partido de centro-direita - União Democrata-Cristã (CDU) de 2000 a 2018.
Merkel entrou na política fora do sistema democrático, quando a Alemanha ainda estava dividida entre uma área de influência soviética e outra dos aliados.
Com a queda do muro de Berlim e reunificação, após 1990, seu partido — formado originalmente na Alemanha Oriental, onde ela vivia — foi incorporado pela União Cristã-Democrata (CDU), onde ela ascendeu graças às suas habilidades políticas.
Olaf Scholz, social-democrata e atual ministro das finanças, é quem lidera as sondagens para a sucessão de Ângela Merkel, cujo partido conservador, cristão-democrata, aparece em segundo lugar nas sondagens, tendo como candidato, Armin Laschet.
Annalena Baerbock, do partido ecologista os Verdes, aparece em terceiro lugar nas intenções de voto dos alemães.
A pergunta é quem sucederá à toda-poderosa Merkel?
De uma forma geral ela é apoiada pela população. Entretanto, o seu candidato não está bem nas pesquisas.
A chamada centro-esquerda – os sociais democratas - perderam fôlego nas disputas nacionais ou regionais, ao longo do mandato de Merkel.
Mas, o cenário mudou em 2021, talvez por conta do desgaste dos 16 anos consecutivos de poder da chanceler.
Soma-se a isso o fato de que o partido conservador cai em toda Europa.
Desde 1950 não havia um quinteto de governantes de esquerda na Escandinávia.
Hoje, a esquerda governa a Suécia, Finlândia, Dinamarca, Noruega e Islândia.
Poderá ocorrer na Alemanha fenômeno idêntico a Margaret Thatcher, a britânica que ficou no poder entre 1979 e 1990, sendo sucedida pelo trabalhista Tony Blair.
O estilo de Merkel é de centro-direita responsável, pró-livre mercado, que respeita minorias, que tem políticas inclusivas.
Cabe observar que não se compara ao segmento radical da direita brasileira, que se caracteriza pela intolerância e o fanatismo.
Neste final de semana realiza-se o debate eleitoral final, instrumento usado pelos alemães para decidir o seu voto.
Quatro em cada dez eleitores ainda não escolheu em quem vai votar.
Para o Brasil, a eleição na Alemanha tem importância vital.
Com um volume comercial superior a 14 bilhões de euros (2020), a Alemanha está na 4ª posição entre os maiores parceiros comerciais do Brasil.
Principalmente, em função da parceria estratégica entre o Brasil e a Alemanha, é importante para os dois países que a estreita cooperação econômica continue em expansão.
Pelo exemplo de estabilidade política e econômica na União Europeia, o mundo aguarda os novos horizontes caminhos políticos e econômicos serem percorridos pela Alemanha, a partir da eleição de domingo próximo.