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Análise: "No século XXI, Catedral transformada em Mesquita"

Postado às 17h07 | 20 Jul 2020

Ney Lopes

Decisão do governo turco levou o Papa Francisco a declarar-se “angustiado”. Tudo gira, em torno da Basílica de Santa Sofia, localizada em Istambul, agora declarada “mesquita”, um templo muçulmano.

A antiga basílica é obra arquitetônica, inaugurada no século VI, pelo imperador Justiniano (527-565), no Império Romano do Oriente, para ser para ser a catedral cristã de Constantinopla. Santa Sofia tornou-se a igreja de coroação dos imperadores bizantinos, do Patriarcado de Constantinopla e local de eventos históricos.

Por um milênio foi a maior igreja da cristandade. Em 1453, ocorreu a histórica queda de Constantinopla, que encerrou o período histórico da Idade Média e, por conseguinte, dava início à Idade Moderna. Nessa época, a Igreja foi tomada por otomanos. Padres e velhos mortos em massacre e os demais fiéis católicos vendidos nos mercados árabes de escravos.

A profanação da Catedral durou até 1931, quando Ataturk, o fundador da moderna República da Turquia, encerrou o funcionamento da Mesquita, permitiu a recolocação e recuperação dos artefatos sacros cristãos e transformou a Basílica em um museu. Em pleno século XXI, início de julho passado, a decisão de Ataturk foi anulada, por um decreto do presidente Erdogan, abertamente adepto do otomanismo, que deseja reviver as glórias passadas do ápice do Império Otomano. Atualmente, 97% da população turca é muçulmana.

As minorias cristãs e pequena população judaica são vítimas de perseguição. O desejo do presidente não é apenas religioso. Ele quer avançar na Europa (Grécia principalmente). Há protestos da Rússia, Grécia, Estados Unidos e França. O Conselho Mundial de Igrejas, que reúne cerca de 350 igrejas cristãs, protestantes e ortodoxas, manifestou a sua "tristeza" e "consternação".

O Presidente turco aparenta ser democrata. Mas, a comunidade internacional desconfia dele. Em 1994, quando se elegeu prefeito de Istambul, declarou na posse: “A democracia é como um trem: quando se chega ao nosso destino, saímos dele”.

O que ele se prepara é para deixar o trem da democracia.

 

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