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Análise: "Nicolás Maduro não é o mesmo que conheci"

Postado às 05h17 | 01 Fev 2024

A atual sede permanente do Parlamento Latino Americano (PARLATINO). Prédio moderníssimo construído na cidade do Panamá, às margens do histórico canal. O PARLATINO funcionava em SP, que era o centro político latino americano, porém o convenio foi revogado pelo governador José Serra.

Ney Lopes

Quando exerci a presidência do Parlamento Latino Americano (PARLATINO), tive convivência próxima com vários políticos, que estão atualmente nas manchetes da mídia internacional.

Um deles, Joseph Borrell é ministro e o mais alto representante para a política externa da União Europeia (UE).

Ele era à época presidente do Parlamento Europeu.

Juntos, fundamos em 2006, em Bruxelas, a Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (EuroLat), ainda hoje em funcionamento.

Entre outros líderes latino americano, o atual presidente venezuelano Nicolás Maduro frequentava assiduamente o PARLATINO, com quem me dava bem.

Está em campanha para reeleger-se, após 10 anos no poder.

Aliás, depois que ele se afastou do parlamento e exerceu o Ministério das Relações Exteriores do governo Hugo Chávez, atendeu ao pedido que lhe fiz para manter contato direto em Caracas com a direção da petrolífera da Venezuela, visando defender o RN como o local “ideal” de construção, em parceria, de uma refinaria de petróleo.

Organizei comitiva, da qual participaram o então secretário do Governo do Estado do RN, dr. Jean Paul Prates e o vice-Governador Antonio Jácome.

De nada adiantou o esforço feito.

Lula entendeu-se com Chávez e decidiu por Pernambuco, excluindo o RN.

Atualmente. Maduro lidera governo autoritário, que intensifica os esforços para reduzir as liberdades democráticas.

Isso inclui submeter alguns políticos, defensores de direitos humanos e outros opositores à detenção, vigilância, ameaças, campanhas difamatórias e processos criminais arbitrários

As campanhas eleitorais na Venezuela envolvem distribuição de alimentos gratuitos, eletrodomésticos e outros bens, em nome dos candidatos do governo.

Os candidatos da oposição lutam para encontrar lugares onde possam reunir-se sem assédio de ativistas do governo e obter combustível para viajar pelo país.

Uma prática comum do governo para marginalização dos adversários é bani-los de cargos públicos.

Desde quando Maduro foi reeleito em 2018, acentua-se na Venezuela grave crise política, social e econômica.

Milhões de venezuelanos caíram na pobreza e mais de 7,4 milhões migraram.

Para a eleição no segundo semestre de 2024 (ainda não marcado o dia), realizaram-se em outubro de 2023 as primárias, para escolha de pré-candidatos.

A oposição surpreendeu, quando mais de 2,4 milhões de pessoas votaram nas primárias, inclusive em bairros considerados redutos oficiais.

A alta participação ocorreu em meio aos esforços do governo para desencorajar a participação.

Mesmo assim, a deputada Maria Corina Machado, de 56 anos foi a vencedora.

Ela participava ativamente do PARLATINO e conversamos várias vezes.

A represália foi imediata.

O tribunal, “inspirado” por Maduro, tornou-a inelegível.

Também confirmou a proibição de candidatar-se do ex-governador e duas vezes candidato presidencial Henrique Capriles, igualmente oponente de Maduro.

O mundo livre espera, que a Venezuela, terra do libertador da América, Simón Bolívar, restaure o quanto antes as liberdades democráticas e afaste as atuais ameaças, vigilância e assédios.

Definitivamente, o Nicolás Maduro de hoje, não é mais o mesmo que conheci no Parlatino.

Transformou-se em ditador.

 

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