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Análise: "Natal poderá ser terra indígena"

Postado às 05h20 | 14 Set 2023

Ney Lopes

A pichação da fachada do Forte dos Reis Magos, em Natal, ocorrida na madrugada de 7 de setembro, recorda o debate atual no STF sobre o “marco temporal”, que é uma figura jurídica, que defende o direito dos índios terem a propriedade de uma terra por eles ocupadas, desde o momento da promulgação da Constituição, ou seja, até 5 de outubro de 1988.

Outro entendimento – Outra interpretação é que o direito dos povos indígenas sobre as terras de ocupação tradicional é um direito originário, anterior à própria formação do Estado, não depende de data pré-estabelecida.

Julgamento - O STF, em 2009, no julgamento sobre a reserva Raposa Serra do Sul, em Roraima, definiu a data de até 5 de outubro de 1988 para as demarcações, como manda a Constituição.

Chegando ao governo, Lula pretende derrubar esse critério do “marco temporal”.

Caso prevaleça, não haveria data limite para os indígenas reivindicarem a propriedade de terras.

A controvérsia está em pauta para novo julgamento no STF, através do RE 1.017.365/2016.

Copacabana - A semelhança citada com a pichação do forte dos Reis Magos, lembra o argumento do ministro Gilmar Mendes, em debate no STF sobre marco temporal.

Disse o Magistrado, que se prosperar a política de demarcação sem data fixada “podemos resgatar esses apartamentos de Copacabana, sem dúvida nenhuma, porque certamente, em algum momento, vai ter-se a posse indígena”.

Riscos – Na pichação do Forte dos Reis Magos lê-se a expressão: “aqui é terra indígena”. 

É justamente o que alertou o ministro Gilmar Mendes.

Na hipótese do STF mudar a jurisprudencia para ficar sem data definida o direito à ocupação de terras pelos índios, além da insegurança jurídica, existirá o risco de alguma cidade ser considerada como edificada sobre terra indígena.

Cidade de Natal – Sabe-se que o natalense foi forjado entre indígenas.

Registra Cascudo, que o início da colonização portuguesa em Natal correspondeu a resistência de aldeias de índios, uma das quais, na margem esquerda do Rio Potengi, que pertencia ao chefe indígena Felipe Camarão.

Áreas de Natal e outras cidades poderiam ser cobiçadas, se cair no STF o marco temporal da ocupação, até 5 de outubro de 1988.

Os donos dos imóveis seriam removidos para que terra? Parece absurdo. Mas não é!

As interpretações jurídicas hoje no Brasil acolhem teses antes consideradas impossíveis.

Exemplo - A cidade de Brasnorte (MT) já tem 10,1% do seu território tradicionalmente ocupado pelos índios. Nada a opor.

Porém, com a possibilidade de cair o marco temporal, indígenas já reivindicam mais terras, ferindo o direito constitucional de produtores, que têm escritura e certidão e que estão lá muito antes da homologação das áreas.

Uma ameaça ao agronegócio, que hoje representa mais de 25% do PIB e não pode sofrer insegurança jurídica.

Confiança – O que se espera, a exemplo de outros países, é que os nossos índios continuem protegidos, inclusive com políticas arrojadas de preservação do meio ambiente,  educação, saúde, empreendedorismo e outras áreas.

Não se deseja entregar as comunidades indígenas a própria sorte.

Porém, para elas se desenvolverem é necessária uma política de convivência pacífica com o resto do país, que permita avanços, sobretudo econômicos, no aproveitamento das nossas riquezas latentes.

Para isto são necessárias regras, que garantam a segurança jurídica para todos.

Não há outra alternativa.

Olho aberto

Resistência- A bancada do Nordeste vai “abrir fogo” contra a medida provisória, que determinou a cobrança de Imposto de Renda àqueles que receberam incentivos na região.

Automóveis - A China alcançou a posição inédita de segundo maior exportador de automóveis para o Brasil, com participação de 13,6% do mercado.

A Argentina, onde fábricas são extensão das montadoras do Brasil, segue líder, com 43,5%.

Comunista - O presidente da Coréia do Norte teme viajar de avião.

Recentemente, foi à Rússia em trem luxuosamente decorado, fortemente blindado.

Alimentação servida na viagem da culinária russa, chinesa, coreana, japonesa e francesa, além de vinhos Bordeaux e lagostas vivas.

Tudo no bom estilo do comunista século XXI.

Conselho - O secretário-geral do Partido Socialista de Portugal, António Costa, defendeu que, para preservar a democracia e a liberdade, é necessário "dar oportunidades à classe média".

Esse segmento social “desamparado” cria terreno fértil para o populismo.

Partido único - O prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) de Mossoró quer filiar os vereadores governistas em um só partido.

Encontra dificuldades.

(Coluna publicada no jornal AGORA RN, terça, quinta e sábado)

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