Postado às 06h55 | 21 Abr 2022
Libertas quæ sera tamen, ou então, liberdade ainda que tardia, era o lema da Inconfidência Mineira.
Ney Lopes
Hoje, 21, feriado nacional em homenagem a José da Silva Xavier, o Tiradentes, um mártir da Inconfidência Mineira.
Ele foi enforcado em 21 de abril de 1792, na Praça da Lampadosa (atual Praça Tiradentes), no centro do Rio de Janeiro e proclamado Patrono Cívico da Nação Brasileira pela Lei 4.867.
É a única pessoa do país homenageada com um feriado na data de sua morte.
Vejamois do século 18 para cá, o que pode ser considerado verdade ou mentira na história desse personagem histórico.
Alguns exemplos.
A Inconfidência mineira não foi uma luta pela independência do Brasil, por não buscar libertar todos os estados brasileiros do domínio da Coroa Portuguesa.
O movimento tinha motivações na região de jazidas de minérios e atingia no máximo os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Ao contrário do que se diz, a maior razão dos insurretos não era reduzir a cobrança de impostos.
Havia realmente um arrocho tributário, mas a cobrança excessiva foi usada para exaltar os ânimos da população contra o governo.
Os grandes motivos da Inconfidência Mineira foram comerciantes e fazendeiros reunidos em protesto contra a Coroa, porque tiveram perda de cargos políticos e dificuldades de praticarem negócios, que poderiam enriquecê-los.
Portugal fechava todas as portas, somente abertas para a Coroa.
Outro mito é que Tiradentes teria sido o líder do movimento
Segundo historiadores, ele levou as discussões que ocorriam em reuniões privadas para um ambiente mais público, como sítios, prostíbulos, tavernas.
Foi o emissário para as categorias mais empobrecidas da população.
Ele não era uma pessoa tão bem relacionando quanto os outros inconfidentes, por não pertencer a chamada elite branca que detinha grande poder econômico.
Na verdade, Tiradentes foi usado como bode expiatório.
Ele “cuidava” de dentes, mas não possuía o título de dentista, até mesmo porque só há registros da palavra dentista para designar uma categoria profissional a partir de 1800, data posterior à sua morte.
Foi também simples tropeiro e minerador.
Entrou para a 6ª companhia de Dragões de Minas Gerais, como alferes, uma espécie de segundo-tenente.
Segundo relatos da época, Tiradentes era alto, magro e muito feio.
Passou seus últimos três anos de vida na prisão, antes de ser enforcado.
Foi entregue pelo coronel Joaquim Silvério dos Reis, que inclusive era seu amigo, em troca do perdão de dívidas.
Diz-se que, após subir os 21 degraus para chegar à forca, ele teria dito ao carrasco “seja rápido.
O escravo Jerônimo Capitânia tornou-se carrasco oficial de Tiradentes, por ter trocado a sua pena de morte por uma pena de prisão perpétua.
Tiradentes é m dos nomes mais citado no Google, com mais de 2 milhões de páginas de referência no buscador.
De origem humilde, a história registra a sua bravura, em prol da liberdade de seu país, para que hoje possamos gritar que “somos livres”.
Nada defendia para si, por ser pobre.
Era apenas sonhador, em defesa de um ideal de liberdade, sem as amarras e grilhões, que pudessem comprometer as suas firmes ideias.
Salve Tiradentes!