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Análise: "Militares na atividade política"

Postado às 06h54 | 05 Set 2021

Ney Lopes

Se existia alguma dúvida, os atos programados para a próxima terça feira – 7 de setembro – confirmam, que, definitivamente, os militares passam a ser atores e militantes da política brasileira, não apenas influindo nas decisões de governo, mas como candidatos declarados em 2022 a mandatos eletivos.

A política entrou nos quartéis, sob o estímulo e incentivo do presidente Bolsonaro.

Só não enxerga quem não queira.

Não é por acaso que tudo isso acontece.

Os atos consentidos pelo presidente são planejados e embutem sobrevivência política, impulso eleitoral e interesses da base.

Demonstração de força para perpetuar presidente no poder é o que move seus apoiadores ideológicos de olho em 2022.

Veja-se que abertamente e diante do antagonismo com o governador João Dória, há um esforço para transformar o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, em candidato a governador de São Paulo, com total apoio do Planalto.

Já na terça próxima na avenida Paulista, grupos de bolsonaristas planejam usar faixas e camisetas com os dizeres "Queremos Tarcísio governador de São Paulo”. ​

Em princípio, o militar é um cidadão como outro qualquer e pode participar da política.

O problema é o germe da política, atraindo aqueles ainda na ativa, com atividades de comando.

Fazem inclusive declarações sobre temas polêmicos.

Países democráticos, como os Estados Unidos, exigem para militares em tal situação, uma quarentena de até sete anos, após deixar a carreira militar.

O que assistimos no Brasil atual são ativistas do bolsonarismo, lançando candidaturas.

 A militância bolsonarista centraliza os esforços nas redes para os atos do 7 de setembro e respondem por 65% das publicações, considerando opinião pública, formadores de opinião, políticos e partidos alinhados à direita.

É suficiente lembrar o exemplo do general Pazuello, da ativa, ovacionado como candidato, ao lado do presidente da república, no RJ.

A mídia registra que o coronel da reserva Sylvio Malheiro Júnior, da FAB, deixa claro em seu site que tem como objetivo se candidatar a deputado federal em 2022.

Ao menos oito líderes do movimento pró Bolsonaro tem a mesma pretensão.

O presidente já anunciou que estará presente na manifestação em Brasília, pela manhã, na Esplanada dos Ministérios, e em São Paulo, à tarde, na avenida Paulista.

Os analistas políticos interpretam a mobilização do governo no 7 de setembro como uma busca de Bolsonaro para “fidelizar, mobilizar, dinamizar a sua base fanática", que corresponde a cerca de 25% da população e acredita que o presidente é vítima de uma perseguição orquestrada.

Já apoiadores mais moderados não aprovam essa virada radical.

De agora em diante é aguardar, para ver o que irá acontecer.

 

 

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