Notícias

Análise: Lula veta orçamento e facilita a “farra das emendas"

Postado às 05h27 | 26 Jan 2024

Ney Lopes

Antes era o orçamento secreto.

Agora é o orçamento com o “veto” presidencial do tipo “parece, mas não é”.

A propósito, o “Estado de São Paulo” publica reportagem sob o título: “Veto de Lula no Orçamento vira jogada para combinar pagamento de emendas antes das eleições”.

Trata-se realmente de denúncia mais grave do que o orçamento secreto.

Por que o “veto” no Orçamento geral da União (OGU) de 2024 é denominado “parece, mas, não é”?

O valor das emendas de comissão cresceu justamente após o Supremo Tribunal Federal (STF) declarar o orçamento secreto inconstitucional.

O veto presidencial no OGU corta apenas R$ 6.9 bilhões em emendas das comissões do Congresso, cujo valor total era  R$ 16,6 bilhões. 

Esses R$ 6.9 bilhões vetados foram acrescentados (o bode na sala) no acordo feito.

Portanto, não farão nenhuma falta. O Congresso saiu no lucro.

Com o veto de Lula, o montante ficou em R$ 11 bilhões, justamente o pretendido pelo governo e parlamentares para uso na "farra" eleitoral deste ano..

Na prática, o veto de Lula em emendas das comissões, torna mais fácil  a liberação do dinheiro, por "aparentemente"  aliviar pressões ao Tesouro nacional. 

Garantir recursos na "boca do caixa" é o que os parlamentares mais querem.

A lei eleitoral proíbe repasses nos três meses anteriores à disputa.

O veto “parece, mas não é” irá permitir que o dinheiro seja repassado antes do período proibido e alimente o clientelismo eleitoral nas eleições municipais.

Nada diferente do governo passado.

Apesar do veto, o valor das emendas sancionado por Lula continua sendo recorde- R$ 47,8 bilhões-, somados todos os tipos de indicações parlamentares.

Nem no orçamento secreto houve volume maior de dinheiro.

Como conclui o ‘Estadão” “é mais barato gastar tudo que se tem com 10 reais no bolso, do que com 15.

"Ainda melhor quando os 10 reais é tudo que se precisa”.

A emenda de comissão é herdeira do orçamento secreto, que bancou tratores superfaturados e outras obras, durante o governo Bolsonaro.

Os verdadeiros “padrinhos” do recurso ficavam ocultos e um parlamentar patrocinava emenda de forma secreta para o Executivo pagar.

Muitos se elegeram com essa prática indecorosa, nunca vista no Brasil e até hoje protegida pela impunidade.

Mesmo com aparentes mudanças, os repasses das emendas em 2023 beneficiaram somente 16% das cidades brasileiras e bancaram as ações que irrigaram o orçamento secreto.

Foram R$ 6,9 bilhões liberados em emendas de comissão.

Do valor total, 90% ficou concentrado em apenas uma comissão, a de Desenvolvimento Regional do Senado.

Teve dinheiro até para obra de um irmão do senador, que preside a Comissão

Constatou-se nível de execução e eficiência baixíssimos, tirando o espaço de outros recursos, que poderiam ser bem aplicados.

Infelizmente, este é o retrato verdadeiro de um país, que nada muda e somente repete o passado.

 

Deixe sua Opinião