Postado às 06h56 | 16 Set 2021
Ney Lopes
Não pode passar despercebido o artigo do ex-presidente Lula, publicado ontem, 15, na revista “Time”, no qual ele demonstra claramente, que a empresária Luíza Trajano é o nome preferido e prioritário para sua vice, na chapa presidencial de 2022.
A propósito, a empresária, dona do Magazine Luiza, entrou para a seleta lista das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2021, da revista americana Time.
Trajano é a única brasileira a figurar entre as personalidades de destaque neste ano pela publicação.
Trocando em miúdos, Lula quer repetir 2002, quando teve o empresário José Alencar como vice.
O fato mostra que Lula e o PT buscam apoio do “centrão”, através da indicação de nomes conservadores, ligados ao capital. Entretanto, de forma até cínica, tanto ele, quanto seguidores, condenam Bolsonaro e a possível terceira via, pela aproximação com o “centrão”, tido como grupos direitistas, sem apelo popular.
Na prática, o petismo faz a mesma coisa.
Realisticamente, uns e outros estão certos. Política numa democracia se faz com diálogo e aproximação de grupos antagônicos.
Há, todavia, uma exigência, que é credibilidade nessas alianças.
A 13 meses das eleições presidenciais, o cenário mostra que o eleitor não pensa na sucessão, talvez pelo fato de que nem a lista de candidatos seja conhecida.
Tudo converge, segundo pesquisas, para a radicalização entre Bolsonaro e Lula e os dois lutam para que esse quadro não se altere.
Porém, ninguém se engane: há lugar para uma terceira via centrista.
É até melhor que, por enquanto, esse nome não seja lançado, ficando as definições para 2022.
No momento, a grande tarefa da “terceira via” será convencer pretendentes à presidência a cederem espaço para “um candidato” de consenso e formarem uma coalizão de partidos não petistas, sobretudo oriundos da centro-esquerda.
Sem buscar a unidade nacional e dialogar com a esquerda a “terceira via” não se consolidará, embora tenha adeptos no centro e não bolsonaristas na direita, .
O candidato para ser tido como viável terá que se concentrar nas prioridades sociais. Não há espaços de atração eleitorado, que não sejam através de compromissos programáticos de cunho social.
Biden está sendo um exemplo dessa linha de ação da nova concepção de estado livre, que surge após a pandemia.
Afinal, o Brasil está mergulhado na estagnação e as "massas" carentes exigem algo que se aproxime do dia a dia delas.
Não se trata de “populismo”. como logo acusam aqueles que defendem só reformas liberais. Impõe-se a visão dupla, que envolva a estabilidade econômica e a simultânea distribuição de renda mais justa.
Isso marcará a diferença entre o lulismo e o bolsonarismo, passando a ser realmente uma nova opção eleitoral, afastando o radicalismo.
Percebe-se, de forma isenta, ser impossível, que um programa de governo, com base unicamente na estabilidade da economia, possa fazer o pais avançar na agenda social, que busca a inclusão e a oferta de empregos.
Por tais razões pragmáticas, a terceira via terá que se aliar a muitas e pequenas agremiações da centro-esquerda, não petistas e buscar as convergências e afastar divergências, sem que isso signifique abdicar de princípios éticos e ideológicos.
Caso assim não proceda, Lula e Bolsonaro avançarão ainda mais nas pretensões de voltarem ao Planalto e a “terceira via” realmente se inviabilizará eleitoralmente.