Notícias

Análise: "Líbano, nação pacífica que vive em tragédias"

Postado às 16h46 | 01 Out 2024

Foto de palestino em protestos viraliza e é comparada a quadro francês

Ney Lopes

Sempre gostei de viajar. Assemelho a quem ler um livro, desde que planejada a viagem.

Beirute, no Líbano, é uma cidade que desejei visitar pela admiração que tenho pelo povo libanês.

Quando era deputado, Michel Temer, que é libanês, convidou-me, mas tinha um compromisso inadiável nos dias da viagem.

Em Natal, o amigo Gosson chegou a preparar um excelente roteiro, porém, à época preferi ir a Jordânia, país vizinho ao Líbano, pela atração de Petra, onde vi uma cidade inteira esculpida nas rochas, com 10 mil anos de história.

Atualmente, é uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno.

Quintal do Hezbollah

Lamentável, que o Líbano seja uma nação pacífica, vivendo de tragédia em tragédia, embora não agrida, nem estimule conflitos.

É vítima histórica dos vizinhos e imigrantes.

 Agora, já está em guerra novamente pela presença em seu território do “Hezbollah”.

Israel iniciou operações terrestres violentas no sul do Líbano, destinadas a atingir “alvos e infraestruturas” do “Hezbollah”.

A operação coloca tropas israelenses no quintal do Hezbollah.

A região foi transformada em palco de um novo enfrentamento militar, que já deixou mais de mil mortos e arrisca transformar-se numa ampla guerra total, que pode se espalhar por toda a região.

Tais circunstâncias, impedem o turismo em Beirute.

A capital do Líbano já foi chamada de “Paris do Oriente” ou “Perola do mediterrâneo”, pela sua posição à beira-mar, calçadão repleto de bons restaurantes, teatros e uma variedade de lojas, casas noturnas e de shows.  

Beirute era descrita como uma “festa para os sentidos, não só visuais como olfativos”.

Ao todo, a cidade já se reergueu sete vezes nos seus 5 mil anos de história.

Lá ocorreram desastres naturais e guerras.

Atualmente, a guerra destruiu tudo

O que é Hezbollah

Hezbollah ou Hizbollah é uma organização política e paramilitar fundamentalista islâmica xiita libanesa, sediada no Líbano, fundada nos anos 80 durante a Guerra Civil Libanesa, por líderes religiosos alinhados ao Irã, com o objetivo de destruir Israel.

É uma das forças não estatais mais bem armadas do mundo.

Controla a mais poderosa força militar do país.

O Hezbollah, como partido político xiita e grupo armado, tem forte influência no Líbano, tanto no parlamento, quanto no governo.

Neste contexto de extremas dificuldades, o Líbano enfrenta grave crise econômica, que jogou quase metade dos libaneses na pobreza.

O perene estado de hostilidade entre Israel e Hezbollah é uma espada de Dâmocles eternamente pendurada sobre o Líbano.

Somente a guerra de 2006 custou US$ 6,75 bilhões (R$ 36,67 bilhões) e uma queda de 5% na economia.

Recentemente, o porto de Beirute foi vítima de incêndio, acentuando os obstáculos para a reconstrução da cidade.

Uma das únicas alternativas de paz seria um entendimento entre Israel e o Líbano e fazer israelenses e libaneses terem um futuro juntos.

Todavia, a força econômica e militar do grupo Hezbollah impede, até hoje, que isto aconteça.

Agências de notícias informam que a escalada da tensão no Oriente Médio aumentou nas últimas horas.

Irã iniciou ataque e lançou 180 mísseis balísticos, que deixou Israel lutando simultaneamente em três frentes.

Mísseis balísticos são impulsionados por um foguete ou uma série de foguetes antes de descerem até seu alvo e terminarem sua trajetória sem energia.

Petróleo dispara no mercado internacional.

Grupos apoiados pelo Irã no Iraque ameaçam atacar bases dos EUA se Washington se juntar a resposta de Israel.

Nessa hipótese as bases dos Estados Unidos no Iraque e na região seriam alvos de ataques caso Washington apoie qualquer resposta à ofensiva iraniana a Israel, ou se Israel usar o espaço aéreo iraquiano contra Teerã.

Muitos dos mísseis lançados pelo Irã foram abatidos pela defesa aérea israelense, enquanto um punhado caiu no centro e sul de Israel.

Em verdade, o Exército Libanês, e não o Hezbollah, quem deveria proteger o território do país.

Porém, apenas o Hezbollah tem poder de fogo para se contrapor à Israel.

O exército libanês não tem a força e não tem armas.

Para o Hezbollah, SÃO mais de quatro décadas de guerra com Israel.

Ao longo dos anos, a pequena guerrilha xiita transformou-se num exército formidável e até num “Estado acima do não-Estado” no Líbano.

O iminente perigo é que, após a decapitação recente do Hezbollah, o Irã possa correr para uma bomba nuclear.

O regime clerical em dificuldades pode sentir necessidade de uma dissuasão mais forte, por entender que Tel-Aviv quer expandir suas fronteiras e subordinar os países vizinhos.

ERRO

O primeiro-ministro israelita divulgou há poucos minutos um vídeo, através da rede social X (antigo Twitter), no qual reagiu ao ataque desta noite e prometeu retaliação contra os iranianos. “O Irã cometou um grande erro esta noite - e vai pagar por isso. (…) O regime do Irã não percebe a nossa determinação em nos defendermos e em retaliar contra os nossos inimigos”, afirmou Benjamin Netanyahu

 Uma solução diplomática, não militar, é necessária.

 

Deixe sua Opinião