Postado às 07h41 | 09 Jul 2023
Ney Lopes
A França está há dias em processo de convulsão social.
Há um número infinito de quarteirões e bairros com lojas, bancos e residências saqueadas, depredadas, por uma onda de violência, que nem a polícia conseguiu conter agora.
Instalou-se o vandalismo com pessoas determinadas a destruir, causar dano, roubar.
O detonador foi a vingança pela morte do adolescente Nahel por um policial, quando tentava escapar da diligencia.
Aconteceu o seguinte.
O carro conduzido pelo jovem Nahel foi mandado parar por uma patrulha da polícia de Nanterre, na periferia de Paris.
Nahel, que não tem carteira de motorista,, não parou.
Hábil conseguiu escapar por várias ruas, apesar de perseguido pela patrulha.
Quase foi detido num semáforo vermelho, mas voltou a fugir.
Adiante, um engarrafamento, permitiu aos policiais apanharem o carro em que seguia Nahel e mais dois rapazes.
Estes, ao verem a polícia ao lado do carro, abriram a porta e escaparam. Nahel, ao volante, voltou a tentar fugir.
Um dos policiais disparou e matou-o.
O policial alega que disparou para evitar que aquele condutor na fuga causasse vítimas.
Um terço dos mais de 2.000 delinquentes que a polícia apanhou e entregou à justiça, nestes cinco dias de desintegração da ordem, têm idades entre os 13 e os 18 anos.
Peritos constatam que a proporção de menores entre as centenas de milhares de envolvidos nesta violência propagada é de cerca de um terço.
Foram mobilizados45 mil homens e mulheres das forças de segurança.
Mas os envolvidos nos bandos de violência são muitos mais e, na sua maioria, jovens com grande capacidade de mobilidade.
Em Paris foram assaltadas lojas em 50 ruas e avenidas do centro. Os atacantes habitam bairros periféricos, mas avançam sobre o centro das cidades. É como se escolhessem a avenida Paulista.
Por toda a França estima-se mais de 200 super e hipermercados assaltados, vandalizados. Há um método recorrente: os assaltantes usam um veículo roubado para rebentar a entrada. Depois, avança a pilhagem. Em pelo menos um dos casos entraram num grande armazém de mobiliário, depois de colocarem motorista com acelerador ativado, mas sem condutor para quebrar a entrada.
Esse o quadro preocupante de um incêndio social que irrompeu na França.
É natural sensação de insegurança – também de indignação – entre a maioria da população que exige ao Estado que garanta a ordem pública.
Desafio para Macron, que enfrenta ainda as rebeliões pela reforma da previdência.
O começo da insurreição se sabe como aconteceu.
Não se sabe como irá terminar.