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Análise: "Japão, enigma para futuro da humanidade"

Postado às 09h18 | 15 Mar 2024

Ney Lopes

Com a esperança média de vida aumentando e os nascimentos e casamentos diminuindo, a população japonesa envelhece de forma acentuada.

Japão tem 86 mil pessoas com mais de 100 anos, um novo recorde.

Simultaneamente, as autoridades de saúde constatam casos multiplicados de solidão marcados pela falta de uma razão de viver.

É o retrato de um problema não só demográfico, mas sobretudo social, que não conhece fronteiras com cerca de 126 milhões de habitantes, 30% da população do Japão tem 65 ou mais anos – um valor apenas ultrapassado por Mônaco, com 36%.

A esperança média de vida atinge os 85 anos e taxa de natalidade diminui.

Esse aumento, os especialistas atribuem ao desenvolvimento de tecnologias e tratamentos médicos.

A tendência constatada gera preocupação, devido ao envelhecimento demográfico, o que pode significar riscos para a sustentabilidade do sistema nacional de pensões.

O Japão já enfrenta escassez de mão-de-obra e, até 2040 poderá ter carência de 11 milhões de trabalhadores.

Tal fato incentiva os idosos a continuarem no mercado de trabalho.

Quase metade das empresas japoneses dependem de trabalhadores com mais de 70 anos.

A pandemia apenas exacerbou os desafios demográficos, levando não só a mais mortes, mas a menos casamentos e nascimentos.

Isto é uma bomba-relógio, diante de população com menos trabalhadores pagando impostos.

Dado o envelhecimento da população, os cuidados de saúde são ponto crucial para promover atendimento nos hospitais.

O governo tenta enfrentar o problema, incentivando o monitoramento remoto dos pacientes, em suas casas.

O Japão aprovou orçamento recorde para o próximo ano fiscal, em parte devido ao aumento dos custos da segurança social.

Os esforços para aumentar as suas taxas de natalidade tiveram pouco sucesso, face ao crescente custo de vida e às longas horas de trabalho.

O problema do envelhecimento está presente em todas as preocupações do governo.

A expectativa de vida é de 84 anos, três anos a mais do que a média da OCDE, de 81 anos.

Das mulheres é de 88 anos, comparada a 81 anos para os homens.

O primeiro-ministro do Japão diz que seu país está à beira de não ser capaz de funcionar como sociedade pela queda na taxa de natalidade.

Concentrar atenção em políticas sobre crianças e criação de filhos é uma questão que não pode esperar e não pode ser adiada” diz ele.

Os salários reais não crescem no Japão há 30 anos.

Os resultados na Coreia do Sul e em Taiwan ultrapassaram o Japão.

Cabe recordar que o Japão se reergueu da destruição da Segunda Guerra Mundial e conquistou a indústria global.

O país alcançou um boom imobiliário que fazia com que as pessoas comprassem qualquer propriedade que estivesse disponível - até terrenos florestais.

Atualmente, diante de fatos irreversíveis, o Japão se transforma em enigma para o futuro.

(Publicado no JORNAL DE FATO, de Mossoró,RN).

 

 

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