Postado às 06h03 | 12 Dez 2023
Ney Lopes
Jon Alterman, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington, DC, publicou uma análise intitulada “Israel pode perder” a guerra contra o Hamas.
Pelo que se acompanha na mídia, parece afirmação absurda. Mas, realmente não é.
Confesso ser admirador de Israel como povo inovador, que alcançou significativos avanços na ciência e tecnologia.
Portanto, não demonizo Israel. Apenas, não se inclui na minha admiração a figura de Benjamin "Bibi" Netanyahu, o atual primeiro ministro, um belicista, antidemocrata e com inúmeras acusações na justiça.
Ele é o responsável pela verdadeira carnificina na faixa de Gaza, atingindo além do Hamas, milhares de civis que fogem de casa, diante da disseminação do terror.
Não é negada total condenação ao ataque mortífero do Hamas contra Israel, a 7 de outubro, bem como ao “direito de autodefesa” do Estado israelense.
Entretanto, as regras internacionais impõem moderação e cuidado com a população civil.
Isto não vem ocorrendo.
Os números em alta desproporção mostram grave crise humanitária.
Para o Hamas, 18.007 mortos, 70% dos quais mulheres e crianças, e pelo menos 49.229 feridos.
Para Israel, 430 mortes e 1.593 feridos.
Vem a indagação: como neste contexto, Israel poderá perder a guerra?
O Hamas teria consciência de que não ganharia o confronto, porém aumentaria o isolamento de Israel dos países árabes no mundo e complicaria suas relações com os Estados Unidos e a Europa.
O Hamas vê a vitória a longo prazo, com o aumento da solidariedade à Palestina.
Há poucos exemplos históricos de Israel usando com sucesso a força esmagadora para destruir seus inimigos.
Em 1982, invadiu o Líbano para destruir a Organização de Libertação da Palestina. Não atingiu o objetivo e assinou acordos de paz com a OLP.
Em 2006, Israel voltou a entrar em guerra contra o Hezbollah, que voltou mais forte nos anos seguintes.
Também travou três grandes guerras contra o Hamas, desde 2008, nenhuma das quais impediu a sobrevivência do grupo.
No momento, é impensável não admitir a vitória de Israel.
As únicas questões são em que prazo e a que custo.
Há exemplos dos americanos, que terminaram os combates no Líbano, na Somália e no Haiti, sem vitórias claras.
As guerras pós-11 de setembro no Iraque, no Afeganistão e na zona fronteiriça entre a Síria e o Iraque foram esforços sérios, que não conseguiram garantir a vitória.
Os gritos globais são para paralisar os combates, diante da ferocidade militar de Israel, nunca vista nas últimas décadas.
O Conselho de Cooperação do Golfo considera Israel culpado de genocídio contra os palestinos.
É composto por Bahrein, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
A verdade é que a solução somente surgirá quando existirem dois Estados – um Estado israelense e um Estado palestino, lado a lado e em paz.
Vale a pena não perder esse sonho de vista.
Afinal, sonhar é preciso!
Em tempo: Sugestão: assistir o documentário "Nascido em Gaza" (NETFLIX).
Este documentário, filmado logo depois dos ataques que Gaza sofreu em 2014, mostra como a violência mudou a vida das crianças palestinas.