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Análise: "Isolamento ou não na pandemia: quem tem razão?"

Postado às 07h02 | 30 Ago 2020

Ney Lopes

Este é debate sobre o óbvio. Se as pessoas não tiverem segurança de circularem livremente, estiverem com incertezas, a economia não funciona. Portanto, o que para a economia é o vírus. Não as medidas de controle.

Vê-se que é absolutamente falsa essa “escolha de Sofia”, que coloca os governos diante do dilema de salvar a economia ou vidas humanas. Os países que controlaram melhor a pandemia, se sairão melhor. A incerteza não afeta apenas comércio e serviços. Piora o investimento e as contas públicas.

Alemanha tomou medidas enérgicas. Por isso está em situação de recuperação bem melhor do que os Estados Unidos, onde a epidemia continua em expansão e fora de controle, o que causará efeitos mais negativos. O quadro americano é grave, pelo fato de que os pedidos de seguro-desemprego voltaram a crescer. E há outro problema: seguro-desemprego é por pouco tempo. Acabou em agosto e mais de 30 milhões de desempregados clamam ajuda.

A causa desse quadro caótico é que Trump transformou a pandemia em disputa política com os democratas. Ao invés de assumir a liderança no combate ao vírus, passou a acusar governadores e dirigentes municipais e as medidas sanitárias ficaram sem controle.

A China, o primeiro país afetado, promoveu testes em massa, rastreamento de casos, isolamento total, controle da circulação da população. Nova Zelândia, Vietnã, Coreia do Sul, países menores cuja atuação foi muito objetiva no controle rápido da epidemia e a economia já volta a funcionar, embora com riscos de uma segunda onda.

Na América Latina a mesma situação. Uruguai e Costa Rica, que são países pequenos, fizeram algum controle da epidemia, muito maior que o Brasil ou o México e as suas econômicas já retornam.

A conclusão é que a falta de medidas de isolamento e correlatas provoca o afastamento dos investimentos.

Países como o Brasil não terão investimento, enquanto aqueles com controle do vírus terão algum investimento.

O descontrole afeta a capacidade de recuperação futura.

O déficit aumenta e a arrecadação diminui.

E agora?

 

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