Postado às 06h34 | 28 Out 2022
Ney Lopes
O debate da Globo hoje, 28, será a última chance dos candidatos tentarem virar o jogo.
O país assiste uma das campanhas mais ferrenhas da história nacional.
O professor americano Scott Mainwaring, da Universidade de Harvard, declarou que o Brasil vive “mistura tóxica de ódio pessoal e polarização política”.
Percebe-se boa parte do eleitorado votando pela simples aversão que nutre pelo outro.
Há quem, alarmado com riscos da volta do autoritarismo, vote em Lula e quem por repulsa aos desmandos do PT, assume os riscos de reeleger Bolsonaro.
Verdadeira escolha de Sofia, que significa uma expressão definindo a imposição da tomada de decisão difícil, sob pressão e enorme sacrifício pessoal.
Refere-se ao romance de William Styron, que conta a história de Sofia, obrigada pelo nazismo a escolher entre os seus dois filhos aquele que seria executado.
O debate de hoje ainda poderá transformar-se em instrumento democrático, que discuta a realidade nacional e, sobretudo, proponha um “pacto” político pró democracia, após a eleição.
Ao invés do pessimismo e de maus agouros, prefiro acreditar que uma luz seja percebida no final do túnel eleitoral, ou seja, Lula e Bolsonaro protagonizarem um espetáculo civilizado e altivo, ao fugirem das baixezas dos ataques pessoais.
Aliás, não encontro outra saída para a governabilidade no “dia seguinte”, senão através do diálogo entre todas as correntes políticas, elegendo temas prioritários a serem atacados e resolvidos no país.
Se isso não ocorrer, ganhando Lula ou Bolsonaro, o Brasil será uma praça de guerra e os problemas se agravarão, com sacrifício sobretudo dos mais pobres.
O debate eleitoral é o momento da campanha em que os candidatos estão mais expostos.
Analistas consideram que na propaganda eleitoral, toda a atenção está voltada para o candidato e tudo já foi preparado para que ele transmita uma boa imagem.
Já em um debate, essa atenção é dividida com os adversários.
Nada está posto: o candidato pode sair muito bem, ou muito mal na foto.
Melhor ou pior do que seus concorrentes.
Tudo depende de sua capacidade.
O fator improviso é um elemento que torna o debate um momento muito especial.
Os temas são definidos na hora e o candidato pode ser pego de surpresa.
O eleitor perceberá quem trastejar e quem apresentar propostas consistentes.
Os debates são direcionados principalmente para os eleitores indecisos, aqueles que tendem a não ser parcial a qualquer ideologia ou partido político.
Não há meio-termo: hoje é o dia do “tudo ou nada” para o futuro do Brasil.