Postado às 05h56 | 31 Mar 2022
Ney Lopes
Os analistas internacionais são unanimes, na opinião de que Putin ao invadir a Ucrânia meteu-se em um “beco sem saída”, levado por informações falsas do seu staff.
Agora, procura justificar, pois não sabe bem como sair.
Os objetivos iniciais russos não foram atingidos e a evolução da guerra revela que os serviços de informação subestimaram o adversário.
Putin é um hiper presidente, que concentra os poderes necessários para uma guerra longa.
A obsessão do líder russo é recuperar o domínio sobre o antigo espaço soviético.
Ele deseja o regresso da Rússia ao palco principal das relações internacionais.
Nessa ótica, as ambições russas concentram-se em invasões territoriais, com aconteceu na Crimeia.
Neste contexto, a sua posição é dificilmente abalável, a não ser por uma traição interna.
Não havendo traição caberá ao Ocidente permitir a Putin uma saída honrosa, para evitar o pior.
Por outro lado, a China também tem interesse de buscar o “cessar fogo”, pois o Ocidente é o seu grande mercado e não poderá perdê-lo pelo apoio a um líder sitiado.
Entretanto, até agora, os chineses adotam a política do “nem sim, nem não, antes pelo contrário”.
O país busca não se comprometer.
Caso Putin enverede pelo caminho da “destruição total”, a China deixará a neutralidade e poderá deter a Rússia.
Sem a China, a Rússia não sobrevive.
Xi Jinping teria uma grande oportunidade de surgir perante o mundo como o líder que conseguiu a paz.
Isso aumentará significativamente o seu prestígio político.
Um dado importante na análise do conflito é a bravura do presidente ucraniano Zelensky, o que não estava nos planos de Putin.
Ele arregimentou pessoalmente a população para fazer frente aos tanques russos, as baterias antiaéreas começaram a abater aviões e helicópteros, e aquilo que se previa simples e fácil para o Exército russo transformou-se num inferno.
Estrategistas russos avaliaram que a invasão da Ucrânia seria uma operação rápida e cirúrgica.
Bastaria um bombardeio inicial, um ataque limitado por terra, para neutralizar o “inimigo.
Putin considerou Zelensky um cómico e não um guerreiro.
Esperou que na primeira ameaça, ele fugiria para o Ocidente, e na capital ucraniana seria colocado um “colaborador do Kremlin”.
Tal não aconteceu.
A Ucrânia resiste bravamente.
Caso não se encontre saída diplomática, a evolução da resistência ucraniana poderá assemelhar-se ao que ocorreu no Vietnam, onde franceses e americanos, apesar de toda superioridade militar, foram obrigados a deixar o país.
Para pôr fim à violência devastadora, o mundo espera que seja encontrada alternativa, capaz de trazer de volta a paz