Postado às 06h39 | 16 Dez 2021
Ney Lopes
O fato político relevante das últimas horas é a saída do ex-governador de SP Geraldo Alckmin do PSDB, depois de 33 anos na sigla.
Alckmin afirmou que “em breve” anunciará o novo partido.
O ex-tucano é cotado para uma possível chapa com o líder petista ex-presidente Lula nas eleições de 2022.
O que se comenta é que está “tudo certo” entre Alckmin e Lula.
A decisão somente será anunciada no próximo ano e a aliança só mudaria caso haja uma alteração radical na conjuntura política.
Os dois irão encontrar-se no próximo domingo, quando participarão do jantar do grupo “Prerrogativas”, que reúne advogados, juízes, promotores e defensores públicos.
Alckmin esteve à frente do governo de São Paulo de 2001 a 2006 e de 2011 a 2018.
Foi o político comandou o governo paulista por mais tempo, desde a redemocratização do Brasil.
A análise da relação política que nasce entre Lula e Alckmin é que se instala uma “dúvida” no processo sucessório de 2022.
O argumento de contradições históricas entre ambos não pesará, pois, todos os oponentes na corrida sucessória estão com o “carimbo” de aproximações estranhas, com antigos adversários.
Em verdade, o eleitor brasileiro não dá muita importância a coerência política e absorve as alianças, por mais estranhas que sejam.
Por outro lado, a impressão é a de que Lula com esse gesto reconhece a sua própria fragilidade de não poder comprometer-se totalmente com a esquerda, sob pena de naufragar na eleição.
Por isso necessita de imagem apaziguadora, dentro de um contexto em que pode haver junção entre Moro e Doria.
Se assim não agir, ele poderia perder a confiança de áreas vitais de influência no processo eleitoral, numa campanha polarizada e com potencial de tumulto.
A parceria entre o PT e a centro-direita democrática simboliza esse caminho, porque o Alckmin daria ao petista o “salvo conduto”, sinalizando que ele não faria uma presidência radical e assim enfrentaria o discurso acusador de Bolsonaro e Moro.
À frente do governo paulista e com a intenção de concorrer ao Planalto, Alckmin fazia coro aos discursos contra o PT e Lula com narrativas violentas e por uma campanha que polarizava o Brasil.
Em 2018, Alckmin concorreu a presidente da República e amargou o posto de pior desempenho do PSDB em uma disputa para o cargo.
Conseguiu menos de 5% dos votos.
Lula estava fora da eleição— preso na Operação Lava-Jato.
De agora por diante, a disputa sucessória “esquenta”.
A terceira avia já começa a buscar o apoio do União Brasil, que é a “joia da coroa” pelos milhões ($$$) disponíveis no Fundo Partidário.
A única dúvida é saber quem representaria a terceira via.
Cada dia mais confusa a hipótese de uma candidatura alternativa entre Lula e Bolsonaro, em razão do personalismo excessivo de todos os candidatos que se lançam.
Os únicos que realmente se comportam como candidatos e cuidam dos seus próprios caminhos são o ex-presidente e o atual.
Por isso, levam vantagem, até agora.