Postado às 05h43 | 14 Mar 2021
Ney Lopes
A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe), criada em 1948 pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, é um órgão respeitável em todo o planeta. Recente estudo da instituição constata que a pobreza extrema na América Latina será a mais alta em 20 anos, por causa do coronavírus.
Um em cada três latino-americanos vive em situação de pobreza e 80% são vulneráveis. A covid-19 agrava as históricas desigualdades estruturais da região. Antes da pandemia, a porcentagem de pessoas na miséria já vinha crescendo de forma contínua havia cinco anos.
O vírus, no entanto, foi a gota d’água para desatar essa preocupante tendência.
A região da América Latina e Caribe é das mais afetadas pelo vírus, tanto em número de casos como de mortes. Com pouco mais de 8% da população mundial, contabilizava até dezembro de 2020 quase 20% dos contágios e mais de 25% de mortes em escala global. A tragédia levou a uma crise econômica e social sem precedentes, agravada por problemas históricos como a inequidade (a região continua sendo a mais desigual do mundo).
A maioria dos países latino-americanos enfrentará forte deterioração distributiva na renda, gerando profunda desigualdade social.
A classe média retornará ao ponto de partida. O relatório tem uma explicação para esse fenômeno: na América Latina e no Caribe: as famílias das camadas médias e da parte superior das camadas baixas não costumam ser destinatárias das políticas e dos programas de proteção social, e a maior parte de sua renda vem do trabalho, uma das áreas mais atingidas.
Com esse contexto, a América Latina terá um futuro incerto, após a pandemia.