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Análise: "Falando de futuro do Brasil e do RN" - Ney Lopes na Tribuna do Norte

Postado às 05h53 | 08 Jun 2022

Ney Lopes - jornalista, ex-deputado federal, professor de direito constitucional da UFRN e advogado

A eleição de 2022 começa a preocupar os brasileiros, o que é muito bom para reflexões que conduzam ao voto consciente.

Independente de preferências partidárias, discute-se prioritariamente a crise econômica.

Sabe-se, que as causas não estão em nosso país, mas refletem a herança recebida de outros governos e problemas globais.

Entretanto, não é possível deixar de considerar, por exemplo, a necessidade de alívio no preço dos combustíveis.

O quadro atual reduz o poder de compra e aumenta a desigualdade social.

Os preços pagos pelos brasileiros são em “dólar”, pelo fato da vinculação automática que é feita às flutuações do barril de petróleo no mercado internacional e do câmbio.

O brasileiro gasta, em média, R$ 2.013,08 por mês para rodar e fazer manutenção de um carro compacto seminovo.

Enquanto isso, a Petrobras teve lucro de R$ 44,6 bilhões no primeiro trimestre, pagando aos acionistas dividendos, que totalizam R$ 48.5 bilhões, “sem incidência de imposto de renda”.

Verdadeiro absurdo.

Outro gargalo é o aumento do número de pessoas endividadas.

Cerca de 65,69 milhões de brasileiros estão irregulares. Isso não acontecia, desde março de 2020.

A inadimplência se concentra em débitos bancários e cartões de créditos, como forma de sobrevivência de desempregados e carentes.

Somam-se as contas básicas do cidadão, como energia, água e gás.

Cerca de 83% das pessoas têm medo de perder o plano de saúde, por não poderem arcar com os reajustes. https://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.png?id=1463666&o=rsshttps://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.gif?id=1463666&o=rss

A classe média é mortalmente atingida.

A luz do farol que possa iluminar o futuro do país e do nosso RN, destina-se a tornar visíveis as propostas consistentes, que gerem a esperança concreta de ser possível enfrentar para valer o ciclo de fracassos no combate à desigualdade e à ineficiência dos serviços públicos.

O estado democrático não pode ser o “papai Noel” a distribuir benesses, mas não se justifica a ortodoxia econômica de trabalhar com números estatísticos da economia e por em risco as vidas humanas.

Para atender ao princípio constitucional da "dignididade da pessoa humana" está correta a proposta emergencial em tramitação no Congresso para eliminar impostos e reduzir os preços dos combustíveis.

A única resasalva que faço é que a vigência da medida deveria ser até que perdure a crise do petróleo, nos níveis atualmente constatados.

O prazo somente até dezembro, causa a apreensão da situação de emergência prolongar-se em 2023  e ter sido apenas cobjetivo eleitoral a sua aprovação.

Não se alegue falta de recursos.

Quando eclodiu a pandemia os recursos surgiram e o país não faliu.

Nos países desenvolvidos do mundo foram encontradas novas fontes de receita, sobretudo corrigindo flagrantes injustiças no sistema tributário.

Até o FMI sugere  aos países que enfrentam problemas de falta de recursos públicos que avaliem aumentar as taxas sobre empresas que tiveram lucros acima da média em meio à pandemia.

Na educação, a resposta será a qualificação profissional para geração de oportunidades.

Essa prioridade promove a inclusão produtiva de empreendedores, que saem das escolas e universidades e assegura a empregabilidade em espaços urbanos nas camadas sociais de menor renda.

No sistema de saúde, o objetivo é torná-lo eficiente e sustentável.

A viabilidade exige investimento em tecnologias, que auxiliem no tratamento, prevenção de doenças e também cuidados com o meio ambiente, além de avanços na “inteligência artificial”.

A consolidação do agronegócio brasileiro coloca em destaque a produção do algodão, soja em grão, carne de frango, açúcar, milho e celulose, produtos que indicam maior potencial de crescimento das exportações.

A reinserção do país na agenda dos desafios globais significará a política externa voltada para o interesse nacional e o multilateralismo.

A criação de um mercado de carbono, como prometido pelo governo, seria um passo fundamental.

Em relação ao RN, falta a classe política debater um projeto novo, que mude a realidade de pobreza e desalento das populações desassistidas.

Nada produz chorar o leite derramado, ou insultos e acusações.

Deve-se buscar soluções, sem preconceitos.

Muitas inovações poderiam ser sugeridas.

Cito uma delas.

O nosso Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis e o Instituto SENAI de Inovação, dirigido pelo competente engenheiro Rodrigo Diniz de Mello, referência nacional nas áreas de energias renováveis,  demonstrou em pesquisa a existência no litoral norte-rio-grandense de um potencial de fornecimento de energia eólica “off shore” (no mar), próximo de 100%  do total da atual oferta  de energia no país (hidrelétrica, termoelétrica, eólica, nuclear e solar), que corresponde  a 180 gigawatts em operação.

O caminho será usar essa energia captada no mar e transformá-la em hidrogênio para exportação.

Ações compartilhadas do governo e a iniciativa privada trarão avanços tecnológicos, oferta de empregos de excelente remuneração, divisas e impostos diretos e indiretos.

Chega a hora dos pré-candidatos assumirem compromissos em níveis de governo e legislativo. Isso é o que espera a cidadania.

O resto é conversa afiada.

 

 

 

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