Postado às 06h12 | 29 Jul 2020
Ney Lopes
A “última” do deputado Eduardo Bolsonaro é ter repetido a frase “Faça a América grande novamente”, que pronunciou, em novembro de 2018, usando o boné “Trump 2020”, em apoio à reeleição do republicano Agora, ele compartilhou “post” de propaganda eleitoral do presidente dos EEUU.
O comportamento de Eduardo Bolsonaro gerou interpretações, O fanatismo, típico de certa área bolsonarista, interpretou como direito de expressão e avalizou o apoio eleitoral dado à Trump. Entretanto, o gesto do parlamentar vai além de uma simples opinião.
Ninguém nega que ele tem o direito de apoiar quem queira na sucessão americana. Entretanto, não foi isso que ocorreu. Eduardo Bolsonaro ignorou que falava na condição de filho do Presidente da República e, portanto, deu o aval do Estado brasileiro a um republicano. Em momento eleitoral, o nosso país não pode tomar posição na política interna americana. Isso é tão grave, quanto se fosse o contrário e pode gerar prejuízos, sobretudo econômicos futuros.
Por outro lado, o maior risco da declaração de Eduardo Bolsonaro é expor o seu pai a mais desgastes. Justo, ou injusto, o Presidente não desfruta de boa imagem externa, tanto pela forma como desprezou os efeitos da pandemia, quanto pelas questões de meio ambiente ligadas à Amazônia. Isso poderá fazer com que o próprio Trump rejeite o apoio da família Bolsonaro, por trazer prejuízos eleitorais.
Cabe observar o que já aconteceu com Macri na Argentina, que pediu para Bolsonaro não apoiá-lo. O mesmo ocorreu com o presidente Lacalle, do Uruguai, que mesmo sendo de direita, sentiu-se desgastado pelo extremismo de Bolsonaro. Deus queira que a declaração de Eduardo Bolsonaro não assuma maiores proporções.
É bom que isso aconteça, porque do contrário, os Estados Unidos na hipótese de Trump ser derrotado, passarão a ser o que é a Argentina atualmente, que mesmo sendo vizinha e o maior parceiro econômico do nosso país, os dois Presidentes, até hoje, sequer se cumprimentaram.
Comportamento danoso para o Brasil, que a Presidência da República não pode repetir.