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Análise: "Escândalo das Americanas e mudanças no capitalismo"

Postado às 05h40 | 16 Jun 2023

Ney Lopes

A fraude ocorrida nas Lojas Americanas mostra a fragilidade do capitalismo brasileiro.

Constataram-se lançamentos preliminares indevidos, da ordem de mais de R$ 20 bilhões.

Nada mais do que uma “pedalada” para engordar as remunerações de seus acionistas e executivos.

Os principais acionistas da empresa são Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Siqueira, considerados o “trio dourado” do nosso capitalismo

Jamais duvidei, de que a liberdade econômica é fundamental para o crescimento econômico e bem-estar coletivo.

Porém, o caso das Americanas confirma que o capitalismo no Brasil é distorcido, salvo honrosas exceções.

A tendência é transferir prejuízos para o Estado e lucros para a iniciativa privada.

Reivindicam-se mais isenções, incentivos, diferimentos fiscais, do que, por exemplo, programas de incentivo à capacitação, que rendem frutos, tanto para a empresa, quanto para o colaborador.

Mariana Mazzucato, professora da University Colige London e aplaudida por Bill Gates e o Papa Francisco, considera que o período pós pandemia é a oportunidade de "fazer um capitalismo diferente".

Ela fala há anos sobre a importância dos investimentos do Estado nos processos de inovação.

Os objetivos de Mazzucato são acabar com o mito de que o Estado é uma entidade burocrática, que simplesmente promove a lentidão; e outro, demonstrar que na economia "o valor não é apenas o preço".

Desde a década de 1980, os governos foram instruídos a se sentarem no banco traseiro para permitir que as empresas isoladamente administrem (a economia) e criem riqueza.

Entretanto, o desmoronamento do neoliberalismo conduziu os estados nacionais para encontrarem novas maneiras de fornecer serviços públicos a populações vulneráveis ​​na economia informal (cidades verdes, crescimento inclusivo, inovação social e tecnológica).

É altamente saudável a parceria do Estado com a iniciativa privada, envolvendo fundos governamentais, desde que motivadas pelo interesse público, e não apenas pelo lucro.

Não se justifica, por exemplo, liberar incentivos e isenções, sem exigir prestação de contas.

Afinal é dinheiro público.

O grande dilema é que, ou serão feitas as mudanças vitais para o capitalismo brasileiro sobreviver, ou escândalos financeiros como o da Americanas se repetirão, sempre em nome do “livre mercado”.

 

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