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Análise: "Em pleno século XXI o inferno na terra”

Postado às 16h39 | 10 Set 2020

Ney Lopes

No momento, ocorre uma tragédia na  Europa e é chamada do “inferno na terra”.

Desde ontem, 9, o campo de refugiados de Moria, na ilha grega de Lesbo, está “pegando fogo”, com chamas impulsionadas por ventos de até 70 quilômetros, por hora.

Várias famílias passam a noite nas ruas, sem produtos de primeira necessidade. O campo abrigava 12.700 pessoas em completo abandono, número quatro vezes acima de sua capacidade. Entre os migrantes, estão 4.000 menores de idade.  Lesbos, ilha do Mar Egeu com 85.000 habitantes, é a principal porta de entrada para os migrantes na Grécia, por sua proximidade da Turquia.

Essa ilha, historicamente associou-se à forma de protesto da mulher pelo domínio masculino e chegou a propagar a recusa do amor heterossexual. O fato gerou a lenda, de que lá existiam relações homossexuais, o que deu origem a palavra lésbica, que provém do nome Lesbo.

Hoje, a ilha é símbolo desse campo com milhares de imigrantes, vindos principalmente do Afeganistão, mas também de Síria, Camarões, Congo, Sudão e Etiópia. Mesmo antes do incêndio, as imagens do local eram chocantes.

O fedor alastrava-se como resultado da mistura de lixo podre, fumaça, suor e fezes humanas. O campo está praticamente destruído pelas chamas. Não se conhecem as causas do sinistro. Alguns residentes falaram de incêndios criminosos provocados por habitantes locais, outros disseram que os próprios migrantes iniciaram as chamas.

O covid 19 já chegou e as autoridades colocaram a área em quarentena.

Há anos, o superlotado campo é visto como a "vergonha da Europa". Algo que mancha a imagem da Grécia, que já tentou resolver o problema, mas não encontra local onde possa realocar os refugiados.

O mais desumano é que a tragédia está sendo usada por grupos, que mostram como a Europa deverá recusar a presença de refugiados.

Esses grupos propagam slogans como, por exemplo, "vejam o que lhes espera, caso venham até nosso país”.

Enquanto isso, o fogo devasta o “inferno na terra” e ninguém sabe como terminará a catástrofe.

 

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