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Análise: Em crise, a China não é mais “fábrica do mundo”

Postado às 05h48 | 28 Ago 2023

Ney Lopes

O quadro atual da China é a prova de que em matéria de economia tudo pode acontecer.

A "fábrica do mundo" saiu do buraco da Covid e caiu noutro.

Os chineses ingressaram na economia mundial em 1978 e se tornaram o caso de crescimento mais espetacular da história.

A reforma executada e o aumento dos salários tiraram aproximadamente 800 milhões de pessoas da extrema pobreza.

A revista “Economist” publica pessimista análise sobre o futuro da China.

Se na década de 1980 a economia da China era apenas um décimo dos Estados Unidos, hoje ela é cerca de três quartos do tamanho da americana.

Entretanto, a economia cresceu a uma taxa anualizada de apenas 3,2% no segundo trimestre, uma decepção que parece ainda pior considerando que, segundo uma estimativa de destaque, a americana talvez esteja crescendo em quase 6%.

Caíram os preços dos imóveis e as construtoras chegaram no limite, afugentando os compradores.

A gravidade é que o mercado imobiliário e outras indústrias respondem por até um terço do Produto Interno Bruto (PIB) da China.

O curioso é que quando o mundo luta contra a inflação, não há esse fenômeno na China.

Ao contrário, os preços caem.

Há quem admita que a China caminha para uma armadilha deflacionária (produtos e serviços caem de forma generalizada em determinado período) como o Japão em 1990.

De acordo com estatísticas oficiais divulgadas há poucos dias, os preços ao consumidor caíram 0,3% no ano passado, depois de ficarem estagnados durante meses.

E enquanto cresce nos EUA o mercado de trabalho, com mais vagas de emprego do que pessoas desempregadas, a China enfrenta problemas enormes de desemprego.

A taxa de desemprego entre jovens de 16 a 24 anos atingiu um recorde de 21% em junho – embora alguns especialistas acreditem que ela seja ainda maior.

Os economistas também identificaram uma enorme queda no investimento estrangeiro direto na China.

O quadro realista da economia global exige que se fique atento à economia da China.

Qualquer instabilidade no país poderia desencadear consequências inesperadas em outras partes do mundo, tanto econômica como politicamente.

Os sonhos da China de ofuscar economicamente os EUA podem, no mínimo, ser adiados.

A China enfraquecida é péssimo negócio para o Brasil, que tem na nação asiática seu principal parceiro comercial.

No ano passado, o país concentrou cerca de 30% das exportações brasileiras.

Em 2022, a China absorveu metade das exportações do agronegócio brasileiro

Pelo visto é mais um problema para a nossa economia, que não pode sofrer novos abalos.

A esperança é que a crise econômica chinesa seja apenas uma “neblina”.

 

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