Postado às 06h30 | 13 Set 2021
Ney Lopes
Hoje começa a semana seguinte a “Declaração à Nação” do presidente Jair Bolsonaro.
A indagação é se o esforço de paz política será estável, ou passageiro.
Ontem, 12, fracassou o movimento de frente ampla na oposição, outros grupos da direita e até da esquerda, pela adesão de Ciro Gomes.
De agora por diante, o governo terá que administrar junto aos seus apoiadores fanáticos, a repercussão negativa do recuo político dado,
Outro ponto será definir a agenda para debates no Congresso.
O mais preocupante no momento para o bolsonarismo é o que fazer com o estrago político.
O ministro Onix Lorenzoni, que fala pela ala radical, defende que o presidente não poderia voltar atrás e que a radicalização deveria ser mantida, “como pedia a multidão”.
Já Paulo Guedes (Economia), Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e João Roma (Cidadania), opinaram que Bolsonaro deve agir com grandeza política, buscar o diálogo com os adversários e até admitir que praticou excessos.
Sabe-se que o grupo militar do Planalto calou. Apenas, observa.
Nas manifestações do 7 de setembro, realmente milhares de adeptos do governo foram às ruas em apoio, o que reforçou as posições contrárias ao caráter político das decisões do Supremo, a afirmação da parcialidade da imprensa contra o governo, o ataque à credibilidade das urnas eletrônicas e das pesquisas eleitorais.
Entretanto, verificou-se queda de popularidade para o presidente, de 4,1% ante a semana anterior. A avaliação negativa oscilou, com alta de 0,5%; a regular subiu 3,4%.
Talvez as causas, além daquelas de natureza política, sejam as reclamações sobre os preços dos combustíveis, do gás e dos alimentos.
Em relação a agenda do governo no Legislativo, alguns pontos se destacam, entre eles, conseguir consenso mínimo em torno de uma fórmula que permita diminuir o impacto do “meteoro” dos 8 precatórios, uma conta de R$ 89,1 bilhões a pagar em 2022.
E também passar no Senado a reforma do Imposto de Renda.
Para ampliar o Bolsa Família será fundamental aprovar a taxação dos lucros e dividendos pagos a acionistas, como acontece nos países desenvolvidos do mundo.
Tudo indica que programas de emprego e privatização dos Correios ficarão para o próximo governo.
Há uma negociação em marcha, da qual depende uma solução para cobrir de R$ 39 bilhões no Orçamento de 2022, que representa a dívida em relação ao teto de gastos definido em dezembro de 2016.
O objetivo é que os valores excedentes desse teto sejam repassados para o Orçamento de 2023.
Diante da indagação “e agora, o que acontecerá? ”, a única opinião é de que o futuro dependerá do equilíbrio e bom senso do Planalto, mantendo intocável os termos da oportuna “Declaração à Nação”.
Aguardar é a única alternativa!