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Análise: "Drama mundial do acesso às vacinas"

Postado às 06h39 | 22 Jul 2021

Ney Lopes

Um dos maiores dramas que vive a humanidade não é a pandemia, mas sim o fato de que os países ricos têm 15% da população mundial, porém concentram 45% de todas as doses disponíveis.

A vacinação é uma das medidas mais importantes de prevenção e combate contra doenças.

Considera-se muito melhor e mais fácil prevenir uma enfermidade do que tratá-la, e é isso que as vacinas fazem.

O Chade não consegue sequer vacinar médicos e enfermeiros, que trabalham na linha de frente.

A OMS informa que os países de alta renda compraram mais de 50% de todas as vacinas.

Enquanto isso, nações como Burkina Faso, Eritreia, Vanuatu, Burundi e Tanzânia ainda não começaram a vacinação.

O cenário preocupa.

A lenta vacinação pode prolongar a pandemia no mundo. Os grandes laboratórios afirmam que seria possível imunizar a maioria da população mundial até o fim de 2021, mas especialistas alertam que países mais pobres podem conseguir terminar a inoculação, apenas em 2024.

O cenário favorece o surgimento de novas variantes, mais contagiosas e letais, como as cepas identificadas na África do Sul e na Índia.

As causas para a desigualdade no acesso às vacinas são muitas.

A primeira, mais óbvia, é de ordem econômica, causando problemas também de infraestrutura e distribuição

A logística é o grande entrave. As vacinas que usam RNA mensageiro (como Pfizer e Moderna) são muito eficientes e muito seguras. Mas são difíceis de fazer, armazenar.

Um estudo publicado em março na revista Science afirma que investimento extra no desenvolvimento e aplicação de vacinas poderia ter economizado trilhões de dólares em todo o mundo.

De acordo com o estudo, se os governos tivessem investido para acelerar as campanhas em três meses, US$ 700 bilhões seriam economizados – ou US$ 1,3 trilhão, se forem contabilizados os custos de saúde, em um cálculo conservador.

Talvez, na história mundial, tenha chegado o momento, em que a solidariedade entre os povos seja a única forma de minimizar os males trazidos pela catástrofe da pandemia.

O papa Francisco tem razão ao afirmar, que "uma solidariedade guiada pela fé nos permite traduzir o amor de Deus em nossa cultura globalizada, não construindo torres ou muros que dividem e depois desabam, mas tecendo comunidades e apoiando processos de crescimento verdadeiramente humanos e sólidos."

 

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