Postado às 07h06 | 24 Mai 2020
Ney Lopes
Li no “Diário de Notícias”, jornal português, análise sobre o quadro político do Brasil, intitulada “Por que a oposição a Bolsonaro não faz nascer uma geringonça? ”. “Geringonça” é a denominação da coligação, que constitui a base política do primeiro-ministro Antônio Costa, desde novembro de 2015. Integram a “Gerigonça”, o Partido Socialista, o Partido Comunista Português e “Os Verdes”.
O curioso é que, no Brasil, segundo o Aurélio, “geringonça” significa literalmente, “objeto ou coisa malfeita e de duração precária; coisa pela qual não se tem apreço”. A análise portuguesa demonstra a fragmentação eleitoral da oposição, permitindo que dissidentes da “direita”, partam na frente para 2022, como Moro e Mandetta.
O analista diz que a desunião começou quando, no final do primeiro turno da eleição de 2018, Ciro Gomes, que acabara de receber mais de 13 milhões de votos, simplesmente declarou: “Agora vou para Paris de férias". Na pré-eleição municipal deste ano, o mesmo fenômeno de desarticulação se repete. Marcelo Freixo, deputado federal, desistiu de concorrer no RJ, depois de verificar não existir consenso, nem no seu partido – o PSOL -, emblemático da esquerda. São Paulo é outro exemplo de desarticulação.
O PT escolheu como candidato Jilmar Tatto, fadado ao fracasso eleitoral. O restante da esquerda paulista está totalmente esfacelada: Orlando Silva, ex-ministro de Dilma Rousseff, pelo PCdoB, Guilherme Boulos, pelo PSOL, Márcio França, pelo PSB. A esquerda brasileira sempre foi exemplo de desunião.
Desde o mensalão, formou-se o PSOL, com dissidentes do PT. Até 2014, as maiores críticas ao lulismo vinham do petismo, o que levou a criação da “Rede”, da Marina Silva. Portanto, tem razão o jornal português, quando registra a desunião da oposição a Bolsonaro.
O quadro atual mostra a validade da máxima, de que a “esquerda só se une na cadeia.”
Por tudo isto, se nada mudar, poderá dar de novo Bolsonaro na cabeça!