Postado às 17h13 | 23 Abr 2020
Ney Lopes
No final da tarde, o dólar beirava R$ 6 reais. Bolsa cai mais de 2%. Tudo por conta da notícia, de que o ministro da Justiça, Sergio Moro, teria pedido demissão do cargo, após o Presidente Bolsonaro anunciar que pretende trocar, não apenas o diretor geral da Polícia Federal Maurício Valeixo, mas a cúpula da instituição. Maurício Leite Valeixo é amigo de longa data de Moro e foi superintendente da PF no Paraná, durante a Operação Lava Jato.
O que se comenta é que ao ouvir esta manhã do Presidente Bolsonaro, o desejo de exonerá-lo, Moro dissera: “se ele sair, eu saio”. Deus queira que, mais uma vez, o Presidente alegue que tudo não passa de má vontade da imprensa, como sempre faz.
Porém, todos os órgãos de comunicação divulgam em manchete. Como se não bastasse esse “imbróglio” acende-se outra “labareda” em Brasília, também nesta tarde. O ministro Paulo Guedes não concorda com o programa “Pró Brasil” de recuperação pós pandemia, lançado ontem pelo general Braga Neto, em entrevista no Planalto. Ninguém do Ministério da Economia esteve presente ao lançamento, o que fala por si. O entendimento é que aumenta exorbitantemente a despesa pública.
E agora José?
O Brasil suportará, em plena pandemia, tantas crises políticas?
Sabe-se que é emblemática a presença de Moro, no Ministério da Justiça. Ele caracteriza ícone no combate à corrupção e tem elevado índice de aceitação popular. Se sair, confirmará que nenhum ministro pode ter mais popularidade, do que o Presidente.
O mesmo já aconteceu com os ministros Mandetta e o general Carlos Alberto dos Santos Cruz. Moro já teve no exercício do cargo muitos recuos e derrotas, após ser sido considerado “superministro”, o que torna difícil a sua decisão final no episódio de hoje. Caso os ministros militares, já em ação novamente, não consigam o recuo do Presidente, caberá a Moro meditar e refletir sobre o ensinamento de Lao-Tsé, importante filósofo da China antiga, que aconselhou:
“Meça sempre aquilo que foi feito com aquilo que poderia ser feito”. Esta é a questão!