Postado às 16h42 | 20 Mai 2020
Ney Lopes
O país conhece o “cavalo de batalha” que o presidente transformou a indicação da cloroquina, no tratamento do coronavírus. Questão médica tornou-se a sua “bala de prata”, apresentada como o “remédio salvador”, na busca de popularidade, que pavimente o caminho da reeleição.
O anuncio hoje do uso pelo Ministério da Saúde do questionado medicamento, não traz nada de novidade, salvo o estardalhaço presidencial. Recorde-se, que desde a gestão do ministro Mandetta, o protocolo do SUS já previa a cloroquina em pacientes graves e críticos, com monitoramento em hospitais.
A razão da limitação é que, até hoje, não há comprovação cientifica, de que o remédio cure o coronavírus. Agora, o presidente obteve do General, alçado ao comando da saúde brasileira, a permissão também para pacientes, com sinais e sintomas leves.
A prescrição fica a critério do médico, sendo necessária também a vontade declarada do infectado. Até aí, tudo normal, o que significa dizer, que o “liberou geral” desejado pelo Governo, não foi aceito, nem pelo General, diante das cautelas registradas na Nota do MS.
Outro fato preocupante foi que, exatamente no dia, em que mais de mil brasileiros morreram pela epidemia, o presidente em “live”, com sorriso entremeado na face, soltou a frase tragicômica:
“Quem for de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma Tubaína (refrigerante regional a base de guaraná) ”.
Meu Deus!
Quanto descaso pela ciência.
Como se não bastasse esse comportamento tresloucado, o ex-presidente Lula afirmou, no mesmo dia, sem pesar as palavras, que "AINDA BEM que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus".
Ele fez a declaração como forma de valorizar o Estado, no combate a situações epidêmicas. O arroto verbal do petista, mostra o despreparo de quem age por ímpetos e slogans ideológicos, sem visão da gravidade da crise.
A conclusão é que, tanto Bolsonaro, quanto Lula, devem “fechar a boca” e não soltarem expressões levianas. As águas estão turbulentas e já diz o ditado, que em tais situações, todo cuidado é pouco e “até jacaré nada de costas”.