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Análise do blog: "Agora, Bolsonaro e Moro são “réus”"

Postado às 18h35 | 24 Abr 2020

Ney Lopes

Não há outro tema a comentar neste tumultuado final de semana, senão as declarações do Ministro Moro, ao pedir demissão do Ministério da Justiça e a fala do Presidente Bolsonaro. Ao anunciar o seu pedido de demissão, Moro disse que Bolsonaro exigira a demissão e posterior indicação para a Direção Geral da PF e superintendências estaduais de “pessoas de sua confiança”, que permitisse "contato pessoal para poder ligar e colher relatórios de inteligência".

 Deixou claro que não existiu pedido de exoneração de Maurício Valeixo e que ele sequer sabia da demissão publicada no OGU, além da assinatura do ato não ser sua. Em contraponto, o Presidente Bolsonaro em seu pronunciamento, cercado por todo o Ministério, divagou, apelou ao emocionalismo, citou fatos estranhos ao debate, porém fez acusação gravíssima, de que o Ministro, em conversa recente, aceitara a demissão do Diretor Geral da PF, condicionando apenas que fosse no final do ano, para simultaneamente ele ser indicado à vaga do ministro Celso Melo, no STF.

Observe-se que antes, Moro declarou jamais ter tocado nesse assunto com Bolsonaro. Em conclusão: os pronunciamentos de Moro e Bolsonaro geraram situação delicadíssima, sobretudo em razão da PGR ter solicitado no final da tarde, abertura de inquérito para que Moro prove as acusações feitas contra Bolsonaro. Certamente, essa providencia é para “blindar” o Presidente da acusação de crime de responsabilidade, o que seria causa para início imediato do “impeachment”.

No mínimo, as apurações prolongadas evitarão as ações instantâneas do Congresso neste sentido.

Trocando em miúdos, tanto Moro, quanto Bolsonaro, se tornaram “réus” em tese, de possíveis crimes de responsabilidade, falsidade ideológica, coação no processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra (injuria, calunia ou difamação). Portanto, nada ainda está encerrado.

Ao contrário, o país mergulha numa das maiores crises de sua história política.

 

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