Postado às 13h58 | 06 Nov 2024
Ney Lopes
Final da eleição americana. Donald Trump volta à presidência dos Estados Unidos. O respeitável jornal francês Le Monde em manchete estampou sobre ele:” um fantasma movido por seu instinto político e seu desejo de vingança”. O mundo está tenso. Porém, a eleição foi limpa e só resta o respeito à decisão soberana da maioria.
Quando se indaga quais razões levaram o povo americano a votar em Trump, diante tantos fatos públicos e notórios sobre a sua vida, me vem à mente Viana Moog, no livro “Bandeirantes e pioneiros”, estudo comparativo entre o Brasil e os Estados Unidos, um clássico da literatura política e da sociologia comparativa. Moog analisa os imigrantes ingleses protestantes, que saíram em setembro de 1620 da Inglaterra, a bordo do navio Mayflower, rumo aos Estados Unidos. Todos eles seguiam o princípio religioso, de que o “dinheiro aproxima de Deus”. Trump é dessa linha, o que agrada os seus eleitores.
Individualismo
Há correntes de pensamento, que caracterizam a sociedade americana como “individualista”, onde não prospera a solidariedade. Remonta às origens, onde os peregrinos chegaram ao seu território para enriquecerem, fugindo de perseguição da Igreja Anglicana. Claramente, Trump é um “individualista”, ao pregar a hegemonia dos Estados Unidos acima de qualquer outro interesse. Por isso, mobilizou aqueles que valorizam mais o quilo do café, do que programas globais de combate à fome. São os mesmos, que com ares professorais, repetem Friedman, que “não existe almoço grátis”. Por acaso, também não se justificam “estômagos vazios, Por tal motivo, cabe ao estado cumprir a sua função social. Qualificar para produzir é o ideal. Entretanto, enquanto essa qualificação não é atingida, o Estado tem dever de atender os carentes. Para que não morram de fome.
Caminhos da volta
A volta de Trump a Casa Branca relembra o gosto dele pela provocação, pela transgressão e pelas propostas abrangentes. No início de 2021, Donald Trump era um homem do passado. Protestou contra a retirada caótica do Afeganistão, para a qual, no entanto, lançou as bases através de um acordo com os talibãs. A guerra na Ucrânia? Será resolvido em vinte e quatro horas. Inflação? Ela desaparecerá. O preço da energia? Reduzida pela metade em um ano. Cortes de impostos? Como se estivesse chovendo. Tudo isto envolto numa linguagem política de ousadia.
Vingança
O que se viu na campanha é que Trump encarna um homem de 78 anos, movido pelo desejo de vingança, pronto para punir aqueles que o atormentaram – magistrados, policiais, generais, governantes eleitos, jornalistas.
Ele não é mais o vencedor ao derrotar Hillary Clinton, surpreso com a própria sorte, entrando na Casa Branca sem uma equipe sólida, sem preparação, sem conhecimento detalhado dos mistérios federais. Hoje ele conhece os meandros do poder.
A América descobrirá, a partir de janeiro de 2025, a que escuridão ou caos a sua tentação autoritária a conduzirá. Deus salve a América!
1837 – Eclode a revolta da Sabinada na Bahia, Brasil.
1874 – Primeira publicação em jornal do símbolo do Partido Republicano norte-americano: o elefante.
1910 – Primeiro voo comercial dos Irmãos Wright.
1917 – Começa a Revolução Bolchevique na Rússia.
1919 – Jornal The Times de Londres anuncia o sucesso da teoria da relatividade de Einstein.
1944 – Franklin Delano Roosevelt vence a eleição para Presidente dos Estados Unidos pela quarta vez.
1945 – África do Sul e México são admitidos como Estados-membros das Nações Unidas.
1958 – Início da marcha do general Che Guevara rumo a Havana.
1968 – Inaugurada a nova sede do Museu de Arte de São Paulo (MASP) na Avenida Paulista.
1979 – A Censura começa a apreender discos e impedir a veiculação da música “Pra não Dizer que não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré.
1993 – Ayrton Senna vence em Adelaide, Austrália, a sua última vitória na Fórmula 1.
2000 – Hillary Clinton é eleita senadora dos Estados Unidos, tornando-se a primeira ex-primeira-dama a se eleger a um cargo público no país.
2005 – Ao chegar a Santiago, Alberto Fujimori é detido por decisão judicial quando tentava regressar ao Peru.