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Análise: "Debate da BAND mostra RN de hoje"

Postado às 06h08 | 08 Ago 2022

Ney Lopes

A BAND saiu na frente e promoveu ontem, 07, o primeiro debate dos candidatos ao governo do RN.

O formato adotado foi excelente, bem como o desempenho da jornalista Ruth Dantas na condição de moderadora.

O debate valeu, por ter dado início ao momento eleitoral no estado.

Transformou-se numa foto 3x4 do baixíssimo nível político do nosso RN.

Os candidatos, regra geral, não apresentam nenhuma proposta concreta sobre o que poderão fazer.

Verdadeiro deserto de ideias e soluções inovadoras.

Ninguém pode negar que, até por razões globais, o RN está na UTI.

Não se espera milagres, porém o doente precisa ter a noção do tratamento que lhe dará sobrevida.

Pelo que ouviu no debate da BAND, até isso está sendo negado ao nosso estado.

Particularizando a participação de cada  candidato, viu-se a governadora Fátima Bezerra declarando que fez o possível, diante do caos financeiro que lhe foi transferido pelo ex-governador Robinson Faria, além das crises sucessivas que enfrentou, inclusive a sanitária da Covid.

Fábio Dantas mostrou-se incomodado com a circunstância de ter integrado o Partido Comunista, vice-governador do governo Robinson e ser obrigado a apoiar o presidente Bolsonaro.

Clarisa Linhares ficou mais à vontade e aproveitou o ensejo para mostrar-se bolsonarista de raiz e assumir a condição de evangélica.

Danniel Moraes foi coerente com a linha ideológica do seu partido o PSOL.  

O senador Styvenson prestou contas de verbas federais que distribuiu e repetiu frases feitas sobre moralidade pública.

Pessoalmente, sou favorável ao debate público nas eleições, sobretudo agora com os recursos da Internet.

É a única maneira de separar o joio do trigo.

Como deputado federal, sempre defendi que a legislação eleitoral deveria transformar o horário gratuito em debates permanentes entre os candidatos majoritários.

Isto permitiria ao eleitor conhecer os mais capazes, eliminar a mediocridade dos despreparados, vazios, e mostrar propostas viáveis.

Cheguei a apresentar projetos de lei – adormecidos na Câmara dos Deputados –, que transformariam parte do horário eleitoral, em debates permanentes.

O tempo seria igual para os candidatos.

A justiça eleitoral coordenaria a escolha dos nomes, seleção dos temas, tudo entregue a uma consultoria de comunicação social  contratada para esse fim, com base em produção totalmente jornalística (perguntas desafiadoras), visando atrair o interesse do telespectador e do ouvinte.

Sob essa ótica do debate como instrumento de conscientização eleitoral, a BAND-RN agiu corretamente e merece aplausos.

Mostrou em tons claros que, numa projeção futura, o estado não tem razões para ser otimista, embora possua potencial inestimável de crescimento econômico e social inaproveitado.

A proximidade geográfica do Grande Natal com a África, Europa e EEUU é o principal deles, abrindo perspectivas de implantação de um polo turístico e exportador no Grande Natal. (área de livre comércio).

Ninguém fala nisso, como não houve protestos (salvo a minha voz no Congresso Nacional) quando perdemos a ferrovia Transnordestina e a refinaria de petróleo.

Diante dessa realidade temos que recorrer ao talento de Luís da Câmara Cascudo, em sua obra “A história de nossos gestos”, para reconhecer que um gesto caracteriza o nosso estado nos últimos tempos, que é “o dedo na boca”, como símbolo de acomodação, primarismo, falta de criatividade e devaneio.

Infelizmente, este é o RN de hoje!

 

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