Postado às 05h24 | 11 Ago 2023
O candidato oposicionista no Equador Fernando Villavicencio foi morto com tiros na cabeça .
Ney Lopes
A América Latina atravessa, mais uma vez, momento de tensão política.
Com as eleições marcadas para o próximo dia 20 de agosto, o candidato oposicionista no Equador Fernando Villavicencio foi morto com tiros na cabeça nesta quarta-feira, em Quito.
Villavicencio tinha como slogan o combate à corrupção e ao narcotráfico e dizia ser a "hora dos corajosos".
Como jornalista foi um forte crítico ao governo de esquerda do ex-presidente Rafael Correa.
Como político, se apresentava como um centrista, mas nos últimos anos vinha cada vez mais se aproximando da direita.
Uma de suas principais propostas de governo foi a aplicação do Plano Nacional Antiterrorista, que começou identificando as estruturas mais perigosas que operam no Equador: narcotráfico, mineração ilegal, corrupção e propina, ligadas entre si e à política de combate a elas.
Nos últimos anos, Villavicencio compartilhou uma série de tuítes positivos sobre a operação Lava Jato do Brasil.
Em 31 de outubro do ano passado, data em que a eleição de Lula como presidente foi confirmada, Villavicencio escreveu: "O retorno dos ladrões da lava jato".
Em 2019, criticou Bolsonaro quando o Brasil não compartilhou informações de delações premiadas da Odebrecht com a procuradoria equatoriana.
Há mais de dois anos, relatos de assassinatos cometidos por pistoleiros ou por gangues criminosas se tornaram uma ocorrência regular no Equador, situação que o governo vinculou principalmente ao crime organizado e ao tráfico de drogas.
O caso de Villavicencio se vincula a outros episódios de políticos latino-americanos, que foram mortos, ficaram feridos ou escaparam de atos violentos de traficantes, milicianos ou dos chamados lobos solitários, que agem sozinhos.
Exemplo é o caso do favorito à Presidência da Colômbia, Luis Carlos Galán Sarmiento foi assassinado a tiros em agosto de 1989.
O ataque atribuído ao cartel de Medellín, chefiado por Pablo Escobar.
A violência teve situações semelhantes em outros em países da América Latina.
Luis Donaldo Colosio era favorito na eleição para presidente no México.
Mas, em março de 1994, acabou sendo assassinado em Tijuana, na fronteira com os Estados Unidos
Então presidente do Haiti, Jovenel Moïse, assassinado em julho de 2021.
O líder haitiano foi morto a tiros por um comando de mercenários colombianos em sua residência em Porto Príncipe
Em 6 de setembro de 2022, uma facada desferida por Adélio Bispo de Oliveira no então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, durante evento eleitoral em Juiz de Fora (MG), marcou a campanha.
Em 1º de setembro de 2022, a ex-presidente da Argentina Cristina chegava no seu apartamento em Buenos Aires quando um brasileiro chamado Fernando Sabag Montiel, de 35 anos, se misturou à multidão e atirou duas vezes contra sua cabeça.
A arma falhou.
Comitiva de segurança do atual presidente da Colômbia, Gustavo Petro, foi alvo de uma emboscada com tiros de fuzis numa estrada ao norte do país, em agosto do ano passado.
O presidente não estava no grupo.
A violência também tirou as vidas de outros presidentes, como os americanos John F. Kennedy, em 1963, e Abraham Lincoln, em 1865.
Entretanto, é na América Latina onde esses grupos criminosos provocam as maiores taxas de mortes ao disputarem um negócio lucrativo: o narcotráfico.
A região é a única onde se produz cocaína.
Segundo estudo da ONU, o crime organizado é responsável por um número de mortes similar ao gerado por conflitos armados no resto do mundo.
Neste contexto, a esperança é que a região latino-americana se distancie dessas estatísticas de crime e caminhe para o seu pleno desenvolvimento.