Postado às 05h37 | 24 Mai 2021
Ney Lopes
Quer se queira ou não, sucessivas crises políticas no Brasil têm como causa o próprio governo federal e os equívocos praticados pela oposição radical.
Os exemplos mais atuais são a forma como se comportam certos senadores na CPI da Covid e os acontecimentos de ontem, 23, no Rio de Janeiro, protagonizados pelo presidente Bolsonaro e o general Pazuello.
A verdade é que dois grupos políticos se digladiam e com isso buscam interditar o acesso de quem busque solução para o país, com base na moderação e no bom senso.
Na investigação parlamentar há senadores, que não inquirem as testemunhas, mas agridem com expressões imperativas e próprias de quem trata um réu confesso.
Sabe-se, que no estado de direito, a testemunha não pode ser tida como culpada, por antecipação.
Por outro lado, é jurisprudência reiterada do STF, ao conceder o direito ao silencio, quando solicitado, cumpre cláusula pétrea da Constituição.
Como admitir-se que a ordem judicial seja considerada meio de proteção para a testemunha mentir?
Se ela mentiu, cabe colher a prova e encaminhá-la ao MP para o início do procedimento penal.
Ademais, o relator terá toda liberdade de demonstrar a distorção dos fatos em seu relatório, desde que disponha de elementos.
Outro exemplo de crise política desnecessária foi a "passeata política” no RJ, tendo à frente o candidato à reeleição Jair Bolsonaro.
Como se não bastasse, subiu no palanque de discursos um general da ativa, Eduardo Pazuello, que além de ovacionado fez uso da palavra.
Note-se que na “passeata” foram totalmente descumpridas as regras sanitárias de saúde pública, em momento que o país sofre ameaça concreta de chegada da variante da Índia e início da terceira onda.
O incompreensível é a presença do general Pazuello, gerando problema para si mesmo, ao ferir o estatuto militar, que proíbe a presença de um general da ativa, em ato político.
Tudo indica, que a alternativa será designá-lo para a reserva.
O resumo da ópera é que o país vive momento de intranquilidade política.
Propagam-se ameaças, tensões, conflitos e confrontos
Por tais motivos, a Nação clama que a CPI e o governo federal colaborem para arrefecer os ânimos e não coloquem mais “lenha na fogueira”, como vem ocorrendo.
Ninguém ganha com esse clima de total insegurança.
E o Brasil é o grande perdedor.