Postado às 17h39 | 24 Out 2024
Ney Lopes
Uma análise dos discursos dos partidos políticos brasileiros nesta eleição leva à conclusão de que, nem a direita diz o que deveria dizer, nem a esquerda faz o que deveria fazer.
Ou seja, a direita acautela-se em prometer soluções de cunho social, sob o pretexto de proteger às finanças públicas. A esquerda, excede-se em certas promessas e gera o descrédito do eleitor.
Diferenças doutrinárias
Para delimitar com clareza as diferenças doutrinárias, entende-se que o conceito de democracia liberal é altamente contestado e tem origem nas potências coloniais da Europa e dos EUA nos séculos 18 e 19.
Por exemplo, é impossível justificar, um país considerar-se liberal social e gastar 74.3% do seu orçamento, unicamente com despesas militares, como ocorre entre nações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Na atualidade tornou-se evidente que um novo tipo de direita surgiu não apenas por meio de eleições, mas exercendo domínio na cultura, sociedade, ideologia e economia.
Em razão disso, não há como alegar contradição entre o liberalismo e a extrema direita.
O liberalismo não é um escudo contra a extrema direita, e certamente não pode ser o seu antídoto
O que existe são “distorções” e excessos na aplicação pela direita de princípios e regras liberais.
Chile
Em alguns países com instituições liberais, os programas de bem-estar social foram destruídos pela “austeridade” excessiva na aplicação de recursos públicos no bem-estar da população.
O fracasso do Estado em cuidar dos pobres tornou-se evidente pela escassez de meios e falta de prioridade dos governos.
Enquanto isso, não faltam recursos e incentivos para a economia privada.
O certo é uma ação “simultânea” de aplicação (ou renúncia) dos fundos públicos.
Veja-se o Chile, que em 1981, quando foi privatizada a previdência, implantou o sistema de capitalização, prometendo altos ganhos aos trabalhadores.
Hoje, ao se aposentarem, recebem 30, 40% do salário mínimo chileno.
Holanda, Islândia, Dinamarca e Israel são os melhores países do mundo para se aposentar.
A verdade é que o confronto político, sob a ótica da direita ou esquerda, deverá levar em conta a mudança para um sistema social, que permita a dignidade da vida.
O que se espera é que as doutrinas políticas conduzam a um futuro, em que viver mais tempo significa também viver melhor.
Para isso, a direita não deverá excluir em seu discurso uma firme defesa em curto prazo dos excluídos sociais.
Por outro lado, a esquerda deverá ter a noção do “possível” e não fomentar ilusórias explosões de expectativas na sociedade.
1917 – Na Rússia, os bolcheviques assumem o poder.
1825 -Brasil e Argentina entram em guerra pela posse da Província Oriental
1936 — Adolf Hitler assina aliança com o ditador fascista Benito Mussolini.
1964 — Anos de Chumbo: os governadores da Guanabara, Carlos Lacerda, e de Minas Gerais, Magalhães Pinto rompem com o presidente militar.
1969 — O general Médici é eleito presidente do Brasil.
Pela proximidade da eleição, as pesquisas se multiplicam.
Há para todos os gostos. A primeira pesquisa vem do século XIX (1824), com a “primeira enquete” realizada nos Estados Unidos em eleição presidencial.
A primeira pesquisa de opinião aplicada no Brasil foi em 1940, com a finalidade de identificar qual posição deveria assumir o país, caso os Estados Unidos entrassem na II Guerra Mundial.
As dúvidas sobre pesquisas surgiram, quando o Instituto Gallup em 1936, superestimou em quase 7 pontos percentuais, a vantagem do candidato Roosevelt à presidente dos Estados Unidos, em prejuízo do seu concorrente.
Os australianos reprovam pesquisa em eleições, havendo estados que proíbem.
O Conselho da Europa, em 1999, aprovou recomendação sobre a pesquisa e divulgação na mídia em período eleitoral.
Os Ministros recomendaram que devam ser garantidos os princípios da equidade, equilíbrio e imparcialidade nas disputas eleitorais.
A única conclusão é que a pesquisa influi na eleição.
Como tal deve ser rigidamente regulamentada para evitar abusos.
Isso não se pode chamar de cerceamento da liberdade de pensamento.
O cerceamento da livre manifestação de pensamento somente poderá existir, quando a fraude é livre, sem limites e sem lei.
A sociedade fica exposta a informação falsa e o campo aberto para o surgimento dos "fake news".